Para quem ainda pena para conseguir navegar pela internet no celular e nem sequer tem acesso ao 4G, falar em 5G pode parecer provocação. Mas, mesmo com a atual geração da banda larga móvel ainda tendo um bom caminho a percorrer no Brasil, operadoras de telefonia e fabricantes do setor correm para testar a nova tecnologia e viabilizar o que está sendo anunciada como a era dos gigabits por segundo (Gbps) no smartphone.
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Não à toa, o 5G foi um dos temas mais discutidos durante a Futurecom 2016, maior evento de TI e telecomunicações da América Latina, que ocorreu neste mês em São Paulo. Na ocasião, Claro e Ericsson aproveitaram para fazer o primeiro teste prático da tecnologia no país: usando um protótipo e antenas portáteis, as empresas usaram o 5G para transmitir vídeos em 4K em quatro telas diferentes, com a transmissão de dados atingindo uma velocidade de até 5 Gbps.
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As companhias que disputam o mercado de infraestrutura em telecomunicações, como Nokia, Ericsson, Qualcomm, Siemens e Huawei, garantem que mesmo usuários comuns terão acesso a essa internet hiperveloz, que se distancia em muito do pico de 18,57 megabits por segundo (Mbps) atingido pelo 4G no Brasil (veja infográfico). A Qualcomm, inclusive, mostrou semana passada seu primeiro modem 5G para celulares, que deve chegar os aparelhos já em 2018.
Com novos testes e estudos surgindo a cada mês, as empresas buscam vender a ideia de que a tecnologia já está avançada e trará grandes benefícios para os consumidores e operadoras, principalmente com a expectativa da consolidação da Internet das Coisas (IoT, da sigla em inglês), que vai exigir conectividade para bilhões de dispositivos nas ruas, casas e indústrias. Carros autônomos, por exemplo, só serão de fato viáveis em larga escala com a chegada do 5G, defendem especialistas, devido à necessidade de uma conexão veloz e de baixíssima latência.
“O 5G é justamente a base para a internet das coisas. Para essas novas aplicações, você vai precisar de um throughput (quantidade de dados transferidos em um determinado tempo) maior e uma latência menor. É uma evolução que permite atender também lugares com grande concentração de pessoas, como estádios e aeroportos, com uma qualidade muito maior, já que você tem mais dados à disposição para repartir”, explica a arquiteta de soluções da Ericsson Camilla Duarte.
Em breve
A expectativa é que a prova real da tecnologia ocorra daqui a dois anos, com operadoras na Coreia do Sul oferecendo o 5G nos Jogos Olímpicos de Inverno. Em escala mundial, a meta é ter redes comerciais prontas em 2020 – hoje, o principal desafio envolve a busca de um padrão do 5G, que são os parâmetros que identificam e uniformizam a tecnologia em todo o mundo e precisam ser seguidos por empresas e governos.
Para o diretor da 5G Americas para América Latina e Caribe, José Otero, a adoção do 5G no Brasil deve ser mais rápida do que nas tecnologias anteriores, seguindo uma tendência já verificada já no 4G, quando houve um descompasso de três anos entre o início da operação no mundo e no país – na época do 3G, o intervalo foi o dobro desse tempo. “Cada vez a nova tecnologia tem sido adotada em menos tempo. Agora mesmo no Brasil há muitas universidades com parcerias com empresas de telecomunicações trabalhando em conjunto para o desenvolvimento do 5G”, afirma.
5G ameaça supremacia da fibra nas casas e escritórios
A promessa de uma banda larga móvel capaz de transmitir dados na faixa dos gigabits (Gbps) por segundo tem levantado o discurso, entre as fabricantes de infraestrutura de telecomunicações, de que o 5G pode vir a ser uma alternativa mais barata e viável do que a fibra ótica. Em seus anúncios sobre a tecnologia, a Qualcomm tem alardeado o slogan “hold the fiber” (algo como contenha a fibra) e a Ericsson antecipou que fará um teste até o início do ano que vem com uma operadora local dos Estados Unidos para levar 5G a usuários residenciais que demandam grande consumo de dados – e que seriam, portanto, atendidos normalmente pela internet fixa.
Para o diretor de engenharia do grupo América Móvil (dono da Claro) no Brasil, André Sarcinelli, é cedo ainda para falar em substituições. “Depende muito da demanda na ponta. O 5G vai se tornar mais barato do que a fibra dependendo da escala de devices e sensores que precisam ser conectados, ou quando houver dificuldade de passar fibra em alguns lugares específicos. As duas tecnologias vão complementar a infraestrutura necessária para atender o mercado”, avalia.
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