O ano de 2008 foi considerado bom para o setor exportador brasileiro mas, a perspectiva para 2009 ainda é uma incógnita. A análise é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), Benedicto Fonseca Moreira. Em entrevista Agência Brasil, ele afirmou que o Brasil ainda possui uma faixa de produtos, em especial no setor de alimentos, de que o mercado internacional não pode prescindir. Além de algumas matérias-primas fundamentais. Se o governo reorganizar o planejamento para a crise e der um apoio mais dirigido exportação, que é uma atividade muito importante na sustentação da atividade econômica interna, o país pode ter um resultado menos ruim em 2009 do que está se prevendo, analisou.
As projeções preliminares indicam forte queda nas exportações em 2009, que pode chegar a cerca de US$ 20 bilhões, seguida de retração também das importações. De qualquer maneira, haverá déficit de transações correntes.
Apesar de trabalhar com a perspectiva de recuperação média de preço das commodities (produtos agrícolas e minerais comercializados no mercado internacional), ele estimou que o setor de manufaturados brasileiro deve sofrer os impactos da crise, porque o grande mercado é a América Latina. E os países do continente sul-americano estão enfrentando crises bem sérias, porque a maioria depende de outros produtores, sobretudo de produtos do setor mineral.
O presidente da AEB comentou, entretanto, que o Brasil pode sair sem traumas da crise. Para isso, ressaltou que o governo não atue só com medidas tópicas, porque a crise é grande e mundial. O lógico seria fazer uma avaliação das coisas que incomodam hoje o produtor e o consumidor. Entre os principais problemas, citou a elevada carga tributária. São dez impostos, 20 contribuições, são mais de uma centena de taxas.
Além do custo que isso representa para empresários e cidadãos, Fonseca Moreira indicou a necessidade de que o governo volte sua atenção também para o Nordeste do país. O Nordeste está esquecido como um pólo de investimento prioritário. Ele está lembrado para o Bolsa Família, quando pode ser o grande centro de produção do país. Pode salvar a crise no Brasil, porque são quase 60 milhões de brasileiros.
A eliminação de encargos que incidem sobre o consumidor, a começar pelos juros absurdos, é um dos caminhos para enfrentar a crise externa. Moreira sugeriu também que seja revista a política trabalhista e reforçada a da área social. Está na hora de uma reavaliação inteligente. Digamos, um projeto anticrise, com medidas mais contundentes. A redução da burocracia para o setor exportador foi outra sugestão formulada pelo presidente da AEB. Está na hora de medidas heróicas e sérias, argumentou.