A elevação de preços na China é "moderada e controlável" de um modo geral e o governo tem "confiança, condições e habilidade" para estabilizar os níveis de preço, afirmou neste domingo (15) o presidente chinês, Hu Jintao, em pronunciamento por escrito enviado ao Wall Street Journal.
Os comentários de Hu surgem num momento em que a China tem adotado uma série de medidas para conter a inflação, inclusive limitando a capacidade de empréstimo dos bancos e elevando as taxas de juros. Hu não comentou se a China planeja elevar mais essas taxas de juros, mas mencionou um pacote de medidas que Pequim adotou para combater a inflação, o que inclui ajuste de juros. Os preços ao consumidor subiram 5,1% em novembro na China, na comparação com o mesmo momento do ano anterior. Foi a maior alta em dois anos.
Segundo Hu, a elevação generalizada dos preços na China carrega um "forte fator estrutural", mas é "moderada e controlável". Aparentemente referindo-se aos recursos da China para garantir o abastecimento de bens no mercado e controlar os preços, ele afirmou que "há um equilíbrio básico entre a oferta total e a demanda total, e a base material é forte o suficiente para manter a oferta do mercado e estabilizar o nível geral de preços".
Conforme pesquisas com economistas, a inflação na China provavelmente ficou próxima a 4,7% em dezembro na comparação com o mesmo mês de 2009. Os preços dos vegetais e outros alimentos se estabilizaram e podem ter contido a inflação, em relação aos 5,1% registrados em novembro.
Hu visitará os Estados Unidos entre 18 e 21 de janeiro e adianta que a liquidez do dólar "deveria ser mantida num nível razoável e estável", já que a política monetária de Washington causa um "impacto maior na liquidez global e nos fluxos de capital". Autoridades chinesas dizem que políticas monetárias de afrouxamento em outros países, como os Estados Unidos, estão alimentando a liquidez global e impulsionando os preços das commodities, agravando a inflação na China.
Câmbio - Hu se reunirá com o presidente Barack Obama para discutir sobre o yuan, moeda que os Estados Unidos há tempos consideram subvalorizada. Economistas e políticos norte-americanos afirmam que uma valorização mais rápida da moeda chinesa em relação ao dólar ajudaria a limitar a inflação da China. Mas Hu avalia que "a inflação raramente pode ser o principal fator determinante da política cambial". Ele entende que mudanças na taxa de câmbio são resultado de múltiplos fatores, como a oferta e a demanda no mercado e a balança internacional de pagamentos.
Nos últimos meses, a China deu passos no sentido de acelerar o processo de transformação do yuan numa moeda mais internacional. Hu declarou que essa ideia é um processo relativamente longo, mas programas piloto para comércio e investimento nas fronteiras usando yuan "são bem adequados à demanda do mercado, conforme sinalizado na rápida expansão em escala dessas transações". Hu disse que "o sistema internacional de câmbio é produto do passado".
Crescimento - De acordo com o presidente chinês, nos últimos cinco anos o Produto Interno Bruto (PIB) da China parece ter crescido a uma taxa média anual de 11%, enquanto o PIB per capita alcançou US$ 4.000. As estatísticas oficias serão divulgadas em relatório econômico na quinta-feira, dia 20. Economistas estimam, em média, que o PIB da China tenha crescido 9,2% no quarto trimestre de 2010, em relação ao mesmo período do ano anterior. Seria uma desaceleração em relação à expansão de 9 6% no terceiro trimestre. O PIB da China cresceu em torno de 10 1% em 2010, segundo economistas, mais do que em 2009, quando avançou 9,2%.
Hu comentou, ainda, que a China alcançou "importante progresso na reestruturação econômica" ao longo dos últimos cinco anos, pois o desenvolvimento de diferentes regiões do país se tornou mais equilibrado. "Estima-se que a renda per capita de residentes de áreas urbanas e rurais tenha crescido a uma taxa média anual superior a 9,3% e 8,0%, respectivamente, nos últimos cinco anos", adiantou.
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