O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, voltou a criticar nesta quinta-feira (2) a atual política de preços de combustíveis adotada pela companhia desde 2016 conhecida pela sigla PPI e baseada na paridade de importação. Em sua primeira entrevista coletiva no cargo, ele afirmou que deve rever o modelo a partir do momento em que a nova diretoria executiva e o novo conselho de administração da empresa estiverem empossados, o que deve ocorrer em abril.
"A Petrobras vai praticar preços competitivos de mercado nacional, do mercado dela, conforme ela achar que tem que ser para garantir a sua fatia de mercado em cada lugar em que ela estiver presente. Se é o PPI que é o melhor preço, por acaso, que seja", disse.
"Mas na maior parte das vezes talvez não seja, porque, a meu ver, o PPI é o preço do concorrente. O PPI, para a Petrobras, só garante ao concorrente, uma posição confortável".
O PPI foi instituído durante o governo de Michel Temer (MDB) com o objetivo de manter o mercado atrativo para que refinarias privadas e importadores possam suprir a demanda do país, uma vez que, sozinha, a Petrobras não é capaz de fornecer todo o combustível que os brasileiros consomem.
Para Prates, no entanto, a política prejudica a estatal, uma vez que a obriga a se tornar menos competitiva no mercado. "O PPI foi essencial para os importadores. Não quer dizer que ele seja essencial para a Petrobras", afirmou.
"Houve uma decisão estratégica, e isso não me cabe discutir se sou a favor ou contra, de que a Petrobras, que antes era a monopolista do setor por lei, não tivesse mais a obrigação de suprir todos os lugares do país".
"Agora, se ela é mais competitiva em um determinado mercado, alguém vem e oferece um preço estrangeiro, trazido com frete e tudo, ao meu ponto, e eu sou melhor do que ele ali, por que eu tenho que aceitar e fazer o preço dele, que é menos competitivo do que eu? E ninguém botou esse ovo em pé até hoje".
Apesar disso, ele fez questão de ressaltar que não comprometeria os resultados da estatal. "É claro que eu não vou canibalizar ou aniquilar minha margem", disse. "Mas até um certo momento eu posso disputar o meu mercado com o importador, por que não?", questionou.
"Quem era intervencionista era o governo anterior, que obrigava a Petrobras a praticar esse PPI para ajudar o importador, mesmo sem ter necessidade de ele importar tudo aquilo".
A política de preços é criticada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde a campanha eleitoral de 2022. Em seu plano de governo, o atual chefe do Executivo propôs uma transição para uma nova política de preços dos combustíveis e do gás, "que considere os custos nacionais e que seja adequada à ampliação dos investimentos em refino e distribuição e à redução da carestia".
Na semana passada, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, atacou o modelo. "A política de preços atual, implantada pelo golpe, faz o povo pagar em dólares por gasolina e diesel que são produzidos aqui no Brasil em reais. A tal PPI sempre foi inflacionária e só favorece a indecente distribuição de lucros e dividendos da Petrobras", escreveu no Twitter.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast