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Perspectivas

Presidente do Banco Central diz que inflação cairá para 4,5% em 2017

 | Agência Brasil/Antonio Cruz
(Foto: Agência Brasil/Antonio Cruz)

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira (22) que o Banco Central “não se furtará” de adotar medidas para fazer convergir a inflação para o centro da meta em 2017, que está estabelecida em 4,5% pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). As informações são da Agência Brasil.

Tombini afirmou que “em relação ao setor externo, encerramos 2015 com uma expressiva redução de mais de 40% no deficit de transações correntes do balanço de pagamentos, de US$ 104 bilhões, em 2014, para US$ 58,5 bilhões, em 2015. Ao final do último janeiro, esse deficit, acumulado em doze meses, já havia recuado para US$ 51,6 bilhões e nossas avaliações mais recentes apontam para valores abaixo de US$ 30 bilhões ao final de 2016”.

Segundo Tombini, que participou de audiência na Comissão de Assuntos Internacionais, no Senado, para falar sobre a política monetária do governo, face aos cenários externo e interno, o balanço de risco é desafiador, mas o BC está alerta para a situação.

Ele informou que o deficit em conta corrente, um dos principais indicadores das transações do Brasil com outros países, deve recuar para US$ 30 bilhões, com a balança comercial atingindo saldo de US$ 30 bilhões.

Na segunda (21), o BC divulgou que as perspectivas para o deficit em conta corrente do mercado financeiro melhoraram e passaram de US$ 24,10 bilhões para US$ 21,21 bilhões, com o saldo da balança comercial em US$ 42,40 bilhões. Não houve alteração na projeção para os investimentos estrangeiros diretos, mantidos em US$ 55 bilhões.

Ajustes

Sobre as turbulências externas, Tombini destacou que o BC está capitalizado e independente de recursos externos. Ressaltou como importante o empenho de todos para dar prosseguimento à política fiscal. “Os ajustes não completaram o ciclo. A consolidação requer perseverança de todos”, disse.

Na segunda, o BC informou que analistas e investidores do mercado financeiro reduziram – pela segunda semana seguida – a estimativa de inflação para 2016 medida pelo IPCA. A nova perspectiva agora é de 7,43% ante os 7,46% previstos anteriormente.

Durante a apresentação no Senado, o presidente do BC fez um balanço da situação internacional e doméstica. Segundo ele, desde o final do ano passado o quadro econômico se tornou complexo e menos previsível após a desaceleração da China e o crescimento abaixo do esperado nos Estados Unidos.

Ele disse que a previsão de que o PIB (Produto Interno Bruto) americano poderia tracionar a economia mundial mudou de rumo e o ciclo de aperto monetário deverá ser mais suave do que o previsto. "Os problemas na zona da Europa e no Japão, com as questões financeiras globais, também preocupam", afirmou.

Contágio

O presidente do BC destacou que existe o problema na queda dos preços das commodities [produtos básicos], o que afetou países emergentes, como o Brasil, que são exportadores. Ele disse, também, que as economias hoje são mais interdependentes com riscos de contágio.

Diante do quadro, a projeção de instituições financeiras para a queda da economia este ano piorou mais uma vez e passou de 3,54% para 3,60%. Para 2017, a estimativa de crescimento do PIB foi reduzida de 0,50% para 0,44%. Para a produção industrial, a estimativa é de uma queda de 4,50% em 2016.

Depósitos

Tombini disse que a utilização de depósitos remunerados pelo governo é uma ferramenta importante na política monetária. Na segunda, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, anunciou que o BC poderá usar depósitos remunerados para enxugar o excesso de moeda na economia.

“É um mecanismo que muitos países têm. É mais um instrumento para ajudar o Banco Central a administrar a política monetária e a liquidez. Não significa abandonar os outros instrumentos de política monetária. Apoiamos e é positivo. Como tal seria mais uma ferramenta mais positiva”, disse.

A autorização para a criação do mecanismo consta de projeto de lei complementar com medidas de reforma fiscal a ser enviado pelo governo ao Congresso Nacional. Atualmente, o BC dispõe apenas de três ferramentas para controlar a quantidade de dinheiro em circulação: a compra e venda de título por meio de operações compromissadas, a fixação da taxa de redesconto (cobrada para punir bancos que não cumprem requisitos de capital mínimo) e os depósitos compulsórios (quantia que os bancos são obrigados a deixar depositada no BC). Dessas ferramentas, as operações compromissadas são as mais usadas.

Tombini defendeu, ainda, a manutenção das reservas internacionais porque, segundo ele, não deixam o Brasil vulnerável às turbulências na economia. Existe uma corrente que defende a utilização das reservas para investimentos em infraestrutura e para o abatimento da dívida pública. Hoje, as reservas estão acima de US$ 370 bilhões. Tombini disse que a dívida é sustentável, mas é preciso colocá-la em uma trajetória mais sustentável.

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