Um dia após o Palácio do Planalto dar sinais de unificação do discurso a favor do ajuste fiscal, outro integrante da equipe econômica saiu em defesa das medidas para sanear as contas públicas. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, saiu em defesa do pacote numa audiência na Comissão Mista do Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, disse que os juros são um remédio que “infelizmente” tem de ser aplicado neste momento e que está atento aos desdobramentos da Lava Jato na economia brasileira.

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Novamente, Tombini ressaltou que a economia brasileira passa por um momento de ajuste. Ele disse que as mudanças, que incluem a reversão de desonerações que não deram certo e abalaram os fundamentos macroeconômicos do Brasil, farão o país voltar a crescer. Ele frisou que as mudanças no quadro fiscal terão um papel fundamental.

Política fiscal

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, disse nesta terça-feira (26), pela primeira vez, que a política fiscal adotada pelo governo Dilma Rousseff desde 2008 não apenas foi ineficaz para gerar crescimento, como também comprometeu a economia do país.

Segundo o presidente do BC, as medidas adotadas “não só não promoveram crescimento como comprometeram a economia do país”. Ele ressaltou que o que o Brasil faz neste momento é restabelecer esforço fiscal, com o objetivo de se preparar para “um novo ciclo fiscal”. “Temos que enfrentar esse período de desaceleração da economia. Ter um sistema saudável capaz de enfrentar esse período”, disse.

Ele afirmou que será visto ao longo dos próximos meses uma queda na inflação, com redução significativa do índice no início do ano que vem. Os dados no início de 2015, entretanto, dificilmente serão piores que os primeiros meses deste ano, quando o governo realinhou os preços administrados. Para Tombini, a expectativa do mercado de que a inflação termine 2016 em 5,5% é positiva, “porém não suficiente para o cumprimento do nosso objetivo”, que é atingir o centro da meta, de 4,5%.

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“Para que a transição seja mais rápida e que os benefícios possam aparecer”, disse o presidente do BC. “O fortalecimento da política fiscal por meio de um processo consistente e crível de consolidação de receitas e despesas, rigorosamente conduzido, facilita, ao longo do tempo, a convergência da inflação para o centro da meta.”

Mais uma vez, ele disse que o objetivo é levar a inflação para a meta no fim do ano que vem. Questionado sobre os juros que estariam num alto patamar, ele foi direto: “É um remédio que infelizmente tem de ser aplicado neste momento.”

Corrupção

Perguntado sobre a posição do Banco Central em relação aos acordos de leniência das empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, ele disse que acompanha o assunto de perto. Admitiu que a norma da autoridade monetária para os bancos é não emprestar em casos como esse, mas frisou que a situação é diferente porque as empresas envolvidas tem um grande peso na economia.

“É um processo que vai se resolver em algum momento. O Banco Central vem monitorando isso com cuidado porque são cadeias amplas”, limitou-se a dizer Tombini.

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Sobre o entesouramento de recursos da poupança em vez de os banco emprestarem para a compra da casa própria, ele disse que os bancos seguem as normas vigentes e alocam esses recursos em operações elegíveis, entre elas, a compra de moradia para as famílias.