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Presidente do BC dos EUA sugere que juros devem subir ainda em 2015

Presidente do Fed disse que a desaceleração observada no primeiro trimestre se deve a “fatores temporários” | Carlos Barria/Reuters
Presidente do Fed disse que a desaceleração observada no primeiro trimestre se deve a “fatores temporários” (Foto: Carlos Barria/Reuters)

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Janet Yellen, afirmou nesta sexta-feira (22) que a instituição segue no caminho para elevar as taxas de juros ainda neste ano, mas que, quando isso ocorrer, será feito de forma gradual e cautelosa, uma vez que o mercado de trabalho não se recuperou totalmente, a inflação continua baixa e o crescimento econômico tem desapontado.

“Eu acredito que será apropriado dar o primeiro passo para subir os juros em algum momento deste ano, dando início a uma normalização da política monetária”, disse Yellen, em discurso para a Câmara de Comércio de Providence, no Estado de Rhode Island.

Os comentários da presidente do Fed apenas reforçam a percepção de que os investidores já vinham alimentando, de que é muito improvável que os juros sejam elevados em junho, quando ocorre a próxima reunião do Comitê Federal para o Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Por enquanto, as apostas de início de alta têm se concentrado no encontro de setembro.

“Fatores temporários”

No evento, Yellen reiterou que a política monetária continua guiada pelos dados da economia. Na avaliação que fez dos últimos indicadores, a presidente do Fed disse que a desaceleração observada no primeiro trimestre se deve a “fatores temporários”, no entanto, afirmou que o crescimento econômico e o avanço do mercado de trabalho devem ser “moderados” no restante de 2015 e “depois disso”.

Para ela, a taxa de desemprego, que caiu para 5,4% em abril, ainda tem espaço para cair, pois “não reflete totalmente a capacidade ociosa do mercado”. “O ritmo em geral decepcionante do crescimento dos salários sugere que o mercado de trabalho ainda não se recuperou completamente”, disse.

Yellen, porém, mostrou algum otimismo com o futuro econômico dos Estados Unidos. Ela afirmou que enxerga “alguns sinais de recuperação dos salários até o momento”, que “o aumento do emprego é sinal de fortalecimento do mercado de trabalho” e que tem a expectativa de que “os indicadores vão melhorar”, embora, para ela, os últimos dados de produtividade tenham sido decepcionantes. Além disso, a economista declarou que os ventos contrários causados pelo “crash” do mercado imobiliário diminuem e que o setor tende a melhorar gradualmente.

Inflação

Em relação à inflação, a presidente do Fed disse que a meta de 2,0% deve ser atingida quando a economia estiver mais forte e os fatores temporários de desaceleração forem reduzidos. Admitiu, entretanto, que “menos progresso” foi feito na trajetória para a estabilidade de preços. Nos 12 meses encerrados em março, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) do país teve queda de 0,1%, enquanto o núcleo teve alta de 1,8%.

Yellen afirmou ainda que “alguma razões para o modesto ritmo dos investimentos podem persistir por mais algum tempo” e que “a política fiscal não é mais um freio para o crescimento econômico”. No primeiro trimestre de 2015, o Produto Interno Bruto (PIB) avançou 0,2% ante igual período do ano anterior.

China

No radar do Fed, um novo fator externo tem chamado a atenção dos dirigentes, disse Yellen. Trata-se do desempenho econômico da China, que em 2014 registrou o seu menor crescimento em 24 anos, a 7,4%. A meta dos chineses para 2015 é ainda mais baixa: 7,0%.

“Inicialmente, a crise na zona do euro era nossa maior preocupação, mas, agora, a expansão tem sido mais lenta em diversas partes do mundo, incluindo a China e outros emergentes”. “Crescimento mais fraco no exterior, combinado com implicações em taxa de câmbio, tem afetado nossas exportações e pesado sobre nossa economia”, disse.

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