À frente do maior banco privado do Brasil, com mais de R$ 1 trilhão de ativos, e negócios em outros seis países da América Latina, o presidente do Itaú, Roberto Setúbal, critica os subsídios do BNDES e defende um ajuste fiscal firme, uma mudança do modelo econômico para um baseado em investimentos e garante que há competição no mercado bancário: "É briga de cachorro grande".
Após o fraco desempenho deste ano, quais as perspectivas para 2014?
Houve uma frustração com o crescimento de todos os países emergentes, que ficaram com resultados muito inferiores ao esperado. Espera-se desaceleração da China, mudança na política monetária americana, o que certamente continuará influenciando o mundo, principalmente as economias emergentes que estão se adaptando a essa nova conjuntura. E vejo o Brasil mantendo um crescimento relativamente baixo, de 2% a 3%, nos próximos anos.
Próximos anos?
Diria dois a três anos. A questão fiscal tem de ser atacada de forma mais firme. Não se pode deixar que a dívida interna continue crescendo e as contas externas se deteriorem.
O que deve ser feito?
O gasto público nos últimos anos tem crescido muito acima da arrecadação. É absolutamente necessário um controle mais rigoroso dos gastos públicos.
Os bancos privados estão preparados para financiar a infraestrutura hoje?
Os bancos (privados) financiam pouco porque é impossível competir com as taxas subsidiadas que o BNDES oferece. No Brasil, hoje, ninguém pensa em construir uma fábrica sem a participação do BNDES. Nós fazemos isso fora do Brasil, no Chile, na Colômbia, sem qualquer subsídio.