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Ao prever a necessidade de uma nova reforma previdenciária no Brasil, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Bruno Dantas, disse que a reforma deveria começar com os militares.
A declaração foi dada durante entrevista concedida à Folha de São Paulo, na segunda-feira (20).
Na ocasião, Dantas apresentou dados que mostram a desproporção do déficit da conta da Previdência dos militares (R$ 159 mil) em comparação com os déficits das contas do setor privado (R$ 9,4 mil), no INSS, e dos servidores civis (R$ 69 mil).
“O que me cabe como auditor das contas do Brasil é mostrar esses números. É óbvio que há uma desproporção aqui e que algo precisa ser pelo menos pensado [...] No governo passado, foi feita uma reforma da Previdência para o servidor civil, para o RGPS (Regime Geral de Previdência Social), e não foi feita para os militares", afirmou Dantas.
Em outro trecho, Dantas disse que a decisão de iniciar as mudanças cabe ao “governo” e que a situação das contas públicas no Brasil não é confortável. Apesar do alerta, o presidente do TCU acredita que o governo alcançará a meta de déficit zero.
“A única coisa que nós, e isso não é uma ameaça, não aceitamos é que o governo passe o ano inteiro gastando como se a meta fosse X e no final do ano mude a meta para Y, para fazer uma conta de chegar de trás para frente e justificar o gasto que foi feito", afirmou.
Segundo o Balanço Geral da União (BGU) de 2023, divulgado pelo Tesouro Nacional, o rombo previdenciário deve chegar este ano a 2,5% do PIB, ou R$ 326,2 bilhões, o que representa uma piora significativa em relação à projeção feita no ano passado, que era de déficit de 2,2% do PIB. As projeções do BGU consideram que o PIB crescerá acima de 2%, em média, até 2030, premissa considerada otimista pelos especialistas.