A pressão das famílias para que os filhos se casem depressa fez do ano-novo chinês ou do Festival da Primavera — como também é conhecido entre os locais — um grande negócio paras sites especializados em namoros. Não para encontrar o par perfeito para o resto da vida. Mas sim para ajudar os solitários a driblar o escrutínio de parentes — que esperam ser apresentados aos seus futuros noivos — com namorados de fachada ou de aluguel.
O serviço está longe de ser barato, sobretudo nesta época do ano, durante o feriado mais longo do país, talvez o único momento em que as famílias se reúnem completas. Contratado com certa antecedência, pode sair a cerca de R$ 460 por dia — não estão incluídos custos de viagem.
Mas a inflação das encomendas de última hora pode levar os preços a sextuplicar. Em um anúncio no maior site de buscas da China, o Baidu, um jovem está atrás de uma companhia feminina só para o jantar em família. Ele oferece o equivalente a R$ 2.770 pela noite. Normalmente, os preços das diárias ficam na faixa de R$ 276. Isso na baixa estação, fora do mês de janeiro, período em que os sites tiram o equivalente às receitas do ano inteiro.
De acordo com informações de um jornal chinês, só o site 20py.com, baseado em Hangzhou, tem três milhões de usuários cadastrados.
Essas empresas costumam cobrar dos interessados uma taxa de administração que varia entre 10% e 20% do serviço prestado. Nada de beijos ou sexo. Mas os candidatos devem estudar um roteiro e estar preparados para saber responder a perguntas do tipo: quando se conheceram, o que mais gostam de fazer juntos e planos de quando pretendem ter filhos — está última, uma espécie de obsessão nacional.
Diante da pressão de parentes, quem não tem um namorado ou noivo inventa um. O casamento é um sinal de status na China. É a segurança dos pais na velhice, ainda mais para esta geração de adultos de mais de 30 anos, filhos da política do filho único, que durou quatro décadas na China e só foi flexibilizada em janeiro do ano passado. Jovens com mais de 27 anos são considerados encalhados ou “sobras”, como dizem os próprios chineses.
A tensão com a chegada do feriado, que só termina na semana que vem, aumenta o movimento no mercado de casamentos de Xangai, onde pais e parentes vão negociar pessoalmente a futura cara-metade para os filhos, que, em geral, só sabem depois. Mas há também os agentes que cobram uma tarifa para encontrar o par perfeito. Os filhos sabem que serão recebidos nas suas cidades natais com encontros “às cegas” promovidos pelos pais.
Migração no feriado
A cada ano surgem novos sites especializados em relacionemos provisórios para o ano novo do calendário lunar. É também nessa época que os chineses mais gastam e viajam.
Os sites de compras on-line esperam receitas de dezenas de bilhões. Os quase 1,4 bilhão de chineses trocam presentes no ano-novo. Em 2016, somente no dia do solteiro, a data em que os locais mais compram pela internet em 24 horas, bateu-se um novo recorde de vendas mundial de quase US$ 18 bilhões. A estimativa é que o festival de primavera bata um novo recorde: 2,98 bilhões de viagens durante a semana do feriado.
Trata-se da maior migração do planeta. Tudo isso gera negócios dentro e fora da China. A Tailândia, por exemplo, espera receber 825 mil turistas chineses, o que deve gerar uma renda de cerca de US$ 500 milhões.
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