O drama da Grécia ainda não chegou ao fim. No dia em que os líderes partidários anunciaram um acordo sobre novas e duras medidas de austeridade, a agência grega de estatísticas divulgou que o país alcançou nível recorde de desemprego. Para agravar o cenário, as autoridades europeias receberam com desconfiança as medidas, que incluem demissões e redução no valor do salário mínimo. Para os ministros das Finanças da zona do euro, reunidos em Bruxelas, nada disso foi suficiente. "As negociações ainda não cumprem as condições que descrevemos claramente no Conselho Europeu", disse o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble.
Ainda assim, a coalizão política do primeiro-ministro Lucas Papademos, que inclui socialistas, conservadores e ultradireitistas, acertou novas medidas restritivas com o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional. Os detalhes dos acordos devem ser votados, a partir de hoje, pelo Parlamento grego.
Começa hoje, também, uma greve geral de 48 horas convocada pelas principais centrais sindicais do país em protesto contra as medidas de austeridade. Os novos cortes apoiados pelos líderes políticos gregos deixaram os sindicatos em pé de guerra. Ilias Iliopoulos, um alto funcionário da central sindical ADEDY, que representa o setor público, disse que as manifestações serão realizadas nas proximidades do Parlamento, no centro de Atenas, de hoje a domingo. Isso deverá colocar uma pressão considerável sobre os parlamentares, que justamente nesses dias deverão analisar e votar as novas medidas de austeridade.
O acordo é o preço a ser pago por um novo pacote de resgate para a Grécia e um acordo para a dívida, cujo objetivo é reduzir a dívida do país para 120% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020 índice ainda alto, mas que, segundo autoridades, o governo grego deve ser capaz de suportar. Os ministros europeus e o Fundo Monetário Internacional devem confirmar as informações antes de aprovar o segundo pacote de resgate para a Grécia, no valor de 130 bilhões de euros. Isso significa que a decisão final sobre o segundo programa de empréstimo não sairia na reunião de ontem em Bruxelas, disseram os ministros. "Nós queremos ver uma implementação real das medidas necessárias pelo governo grego e também o completo compromisso de todos os líderes da Grécia para medidas futuras", disse o ministro de Finanças da Holanda, Jan Kees de Jager. Mas um calote agravaria a situação e poria em risco a permanência do país na zona do euro.