Em boa parte das empresas que fazem encaminhamento médico, os baixos preços das consultas e exames têm uma justificativa de três palavras: "sem fins lucrativos". Das quatro instituições ouvidas pela reportagem da Gazeta do Povo, apenas uma declarou ser uma empresa todas as outras disseram ser organizações da sociedade civil sem fins econômicos, ou seja, cujo lucro é revertido apenas para a própria instituição.
"O nosso objetivo não é a lucratividade", diz o consultor da ProVitae, José de Carvalho Filho, que assessora instituições do terceiro setor há 20 anos. "Nós temos um objetivo social e, por isso, cobramos 2%, 3% em cima dos valores das consultas e exames. É uma coisa ínfima, só para a manutenção da instituição."
No Instituto MedPrev, também sem fins lucrativos e que possui uma declaração de utilidade pública estadual, a diretoria segue o mesmo raciocínio. "Somos um instituto beneficente. Os médicos fazem filantropia; não dividimos lucro aqui dentro nem temos cunho empresarial", diz a presidente da instituição, Mirian Ribeiro da Fonseca.
Mirian se defende da acusação de que o enriquecimento é o objetivo da instituição. "Nós trabalhamos para ajudar a população. Os médicos muitas vezes deixam de cobrar; eu mando gratuito [sic] e eles atendem tudo." De acordo com Mirian, chega a faltar dinheiro para a instituição. "A gente até está precisando de doações, porque temos muito trabalho."
Celso Miranda, presidente da Abra Saúde, também sem fins lucrativos, destaca que o único interesse da instituição é atender o associado. "A gente não montou um negócio para intermediar nada. Nós temos uma história; sempre fomos ligados ao consumidor, ao paciente." Carvalho Filho, da ProVitae, também argumenta: "O nosso objetivo não é captar dinheiro nem ter alta rotatividade".
Medicina barata Ltda
A Integrar Saúde, que existe há poucos meses, é a única das instituições entrevistadas pela Gazeta do Povo que não se declara sem fins lucrativos. "Somos uma empresa; temos CNPJ, temos alvará", diz a gerente administrativa, que preferiu não ser identificada.
Como empresa, ao contrário das demais instituições, a Integrar Saúde precisa pagar Imposto de Renda, com alíquota de 15%, e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), com alíquota de 9%. Para a gerente, os encargos sobre a atividade são grandes e não é fácil ganhar dinheiro nesse ramo. "Se você pensa em faturar, você tem que abrir outro tipo de negócio".
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