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A rede totaliza 47 lojas – todas próprias – em 22 cidades do país | Divulgação/Granado
A rede totaliza 47 lojas – todas próprias – em 22 cidades do país| Foto: Divulgação/Granado

A Granado, que nasceu como uma botica no Rio ainda nos tempos do Império, está a um passo de ganhar o mundo. Trabalha na escolha de um sócio investidor estrangeiro, que abrirá caminho para a internacionalização da marca.

A espanhola Puig, que atua nos segmentos de moda e perfumes – à frente de marcas como Carolina Herrera e Paco Rabanne – está entre as companhias que disputam uma fatia do grupo carioca, confirmaram fontes próximas à negociação. A empresa com sede em Barcelona estaria disposta a desembolsar R$ 1 bilhão por até 30% da Granado, de acordo com a agência Reuters.

A Granado já anunciara anteriormente a intenção de vender participação de até 30% para crescer fora do Brasil, mas não comenta as negociações, que acontecem desde pelo menos o início deste ano. Um eventual casamento entre a Puig e o grupo carioca poderia render cifras robustas adiante. Em 2015, a empresa catalã registrou lucro líquido de 126 milhões de euros, com receita de 1,645 bilhão de euros. Deste total, 86% vieram de fora da Espanha. Os mercados emergentes, afora União Europeia e América do Norte, respondem por quase metade (47%) da operação da companhia.

De sua parte, a Granado fechou 2015 com R$ 380 milhões em faturamento, um salto e tanto sobre os R$ 100 milhões de 2006. A empresa informa que, desde 2007, cresce em média 20% ao ano.

Trajetória

A Granado tem 146 anos, mas a guinada da marca é recente: teve início mais de 20 anos atrás, quando foi adquirida pelo inglês Christopher Freeman, que trabalhava como consultor do Citigroup. À frente da Granado, ele passou uma década reorganizando o negócio, investiu em tecnologia, processos e estrutura. Em 2004, comprou a Phebo. Três anos depois, deu início a uma bem-sucedida expansão de portfólio.

Linha de produtos para bebês, para animais e de dermocosméticos estão entre os itens que levam a assinatura Granado. Freeman tem a filha Sissi, diretora de marketing e vendas da Granado, como braço direito no negócio.

Em 2005, Freeman transformou o primeiro endereço da Granado, a unidade aberta em 1870 na atual Avenida Primeiro de Março, em loja conceito. A loja da Tijuca também passou por um banho de beleza, mantendo as características de “pharmácia” histórica. Em 2007, abriu no Leblon a primeira filial em 77 anos.

Nas prateleiras, cada vez mais produtos, além de parcerias com nomes de destaque como os dos estilistas Isabela Capeto e Amir Slama. Agora, a rede totaliza 47 lojas – todas próprias – em 22 cidades do país, já incluindo o ponto de Manaus, que será inaugurado no fim do mês. Juntas, representam 25% do faturamento da marca.

Ana Paula Tozzi, diretora executiva da consultoria GS&MD, destaca a solidez que a Granado conquistou atuando de forma planejada. “A Granado fez um reposicionamento muito bem estruturado. Tem marca, estratégia, produtos e preços consolidados. Além disso, está em um setor que cresce no mundo inteiro e no qual do Brasil é um dos mercados de destaque. É o tipo de oportunidade na mira de investidores”, afirma.

Ela destaca a força da Granado junto a públicos de diferentes perfis. E compara a marca brasileira à francesa L’Occitane: “Pessoas de diferentes idades reconhecem a qualidade dos produtos. Isso é prova de consistência rara em negócios. Lembra a L’Occitane, que tem uma trajetória de crescimento constante, com uma composição do portfólio de produtos adequada, buscando complementar sua linha mestra de itens com outros adequados às regiões onde opera.”

O consultor Luís Henrique Stocker também destaca o potencial do negócio. “Empresas de cosméticos e beleza, que usam ingredientes brasileiros e naturais, têm potencial imenso de mercado lá fora e que ainda é mal explorado pelo Brasil. A longo prazo, quem entrar (como investidor) poderá ter ganhos com a expansão da marca dentro e fora do país”, comenta.

Os primeiros passos da Granado no exterior foram dados em 2013, quando abriu um espaço de venda dentro do Le Bon Marché, em Paris. Foi para um evento, mas não saiu mais de lá.

Investimentos

A Granado trabalha com força para garantir a expansão. Na última semana, abriu uma loja no Píer Sul, nova área no Terminal 2 do Aeroporto do Galeão, de olho na clientela estrangeira. Ano passado, inaugurou uma fábrica em Japeri, que consumiu R$ 300 milhões em instalações e equipamentos. Já produz 2,5 milhões de unidades por mês, mas tem capacidade para dobrar esse volume.

O Brasil é o terceiro maior mercado para cosméticos do mundo.

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