Para os recrutadores, um dos pontos mais importantes na análise do currículo. Para os candidatos, uma das coisas mais difíceis de responder, e no entanto, uma das mais importantes. É a pretensão salarial. Muitas empresas, quando fazem anúncio de vagas, pedem para a pessoa interessada indicar um valor para o salário. Quem não responder a isso pode ter sua candidatura desconsiderada. Mas se o contratante não pedir nada, a orientação dos consultores em Recursos Humanos é deixar o salário para ser negociado cara-a-cara. Afinal, não é fácil quantificar qual é o valor do trabalho de cada um.
Segundo as consultorias de Recursos Humanos, o candidato à vaga deve ter bom senso na hora de preencher a pretensão salarial. Para o diretor da Globalhunters, Cristian Ney Gomes, o primeiro passo para definir esse valor é: estar empregado ou desempregado. "Quem está trabalhando, pode se valorizar um pouco. Se, por exemplo, está recebendo R$ 2,5 mil, para mudar de empresa pode pedir, por exemplo, R$ 3,2 mil. Já no caso de alguém desempregado, o mais importante é voltar ao mercado de trabalho o mais cedo possível, então tem que ser mais flexível", observa. Ele aconselha a pessoa desempregada a pedir o mesmo valor que recebia no último emprego. "Se a pessoa começar a criar condições, do tipo, só volto a trabalhar se me pagarem tanto, poderá ficar muito tempo desempregada", observa.
Para a a sócia-diretora da First Hand, Ângela Busse, o candidato que precisa informar a pretensão salarial pode pesquisar com colegas e outras empresas os valores praticados e estimar uma faixa salarial. "Pode-se colocar o mínimo aceitável até um valor 20% mais alto do que o último salário, mas sempre em coerência com o mercado de trabalho", diz. Porém, quando o profissional tem um conhecimento muito específico, ele pode e deve se valorizar e pode fugir da média praticada no mercado. "Esse profissional foge à regra geral de respeitar o que é praticado no mercado", observa Marcio Santos, diretor-executivo da Ethicompany Gestão de Pessoas. Ele cita um exemplo recente, em que precisava montar uma equipe de engenheiros especializados para uma empresa. "Nesse caso, tivemos de ir atrás de pessoas que estão empregadas, então temos que trabalhar com a pretensão salarial deles para tirá-los das posições atuais", acrescenta.
Outra possibilidade para informar a pretensão salarial é fazer uma média dos últimos salários recebidos, segundo Gomes. "Claro que a empresa se interessa pelo melhor profissional. Mas às vezes, mesmo a pessoa sendo maravilhosa, a empresa talvez não possa pagar o valor pretendido, pois ela oferece um plano de cargos e salários e precisa respeitar todo seu quadro funcional", disse. Para o diretor-executivo do Grupo Catho em Curitiba, Sergio Cesarino, todas as negociações salariais devem ser discutidas na fase final do processo seletivo, pois dependem do conhecimento profundo das necessidades e obrigações de cada parte e da capacidade destas de atenderem a esses quesitos. "Porém em alguns anúncios de vagas, solicita-se em paralelo ao envio do currículo a pretensão salarial, então nesses casos recomendo que o profissional sinalize que está aberto a negociação", conclui.
O erro mais comum, de acordo com os consultores, é a pessoa pedir o que não ganhava, para mais ou para menos. "Se for alto, a empresa pode não ter recursos para pagar. Mas se o valor for muito baixo, o recrutador pode desconfiar dos motivos que levam o candidato a se desvalorizar", afirma Ângela, da First Hand. Essa também é a opinião de Cesarino, do Grupo Catho, que diz que o principal problema está em desconhecer a realidade do mercado. Ele também sugere flexibilidade total na hora de negociar. "Por outro lado, a pessoa não pode imaginar que sempre haverá negociação, que só acontece quando a primeira proposta recebida for inaceitável", pondera.