Donos de participações relevantes em grandes corporações, os fundos de pensão podem ser atores relevantes para o avanço da sustentabilidade na economia. A avaliação é do diretor de investimentos da Previ, Renê Sanda, que afirma que o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil leva em conta critérios de sustentabilidade em suas decisões de investimento e já descartou a compra de participações em empresas consideradas pouco sustentáveis.
"Somos uma parte importante dessa transformação. Os fundos de pensão, em muitos casos, participam do controle acionário das empresas. A Previ sozinha tem mais de 200 integrantes de conselho de administração e fiscal de empresas", afirmou Sanda, durante o Fórum de Sustentabilidade Corporativa Rio+20, no Rio de Janeiro. A ideia da Previ é treinar (e cobrar) esses conselheiros para que sejam ativos em levar os conceitos de sustentabilidade a essas empresas.
Sana considera injustas as críticas de ambientalistas a companhias e empreendimentos em que a Previ detém participação (mesmo que indireta), caso da Vale e da usina hidrelétrica de Belo Monte. No início do ano a mineradora brasileira foi eleita a pior empresa do mundo pelo "Public Eye People's", premiação realizada pelo Greenpeace da Suíça e pela ONG Declaração de Berna, e que escolhe as empresas com pior atuação em relação aos direitos humanos e ao meio ambiente.
"A gente está muito satisfeito com a forma como a Vale trata a questão ambiental. Nós sócios da Vale entendemos que ela não merecia esse prêmio", disse. A Vale é também sócia minoritária da alemã ThyssenKrupp na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), que já foi multada em mais de R$ 3 milhões por autoridades ambientais do estado do Rio desde o início de suas operações, em 2010. A empresa teve também que se comprometer a investir R$ 14 milhões para reparar danos a comunidade no entorno da usina, em Santa Cruz (RJ).
Sobre Belo Monte, Sanda afirmou que a Previ participou ativamente da estruturação do projeto que considera um benchmark (modelo) em termos de compromisso de sustentabilidade. "É um dos menores impactos ambientais para o benefício que a hidrelétrica nos traz".
Sana elencou alguns dos critérios da Previ. No caso de ativos imobiliários, por exemplo, o fundo só investe em edifícios com certificações verdes. A Previ, disse, só contrata gestores de private equity que consideram seguir os Princípios do Investimento Responsável (PRI) e usou o critério "verde" como excludente ao avaliar o investimento em debêntures de infraestrutura.
"Já há um consenso de que do ponto de vista do longo prazo investimentos considerados verdes são menos arriscados. O dilema agora que se vive é para investimentos mais de curto prazo, como fundos de investimento e DTVMs", afirmou Sana.
Carteira
A queda da taxa básica de juros (Selic) deve ajudar a Previ a ter um superávit em renda fixa, aponta Sana. "Toda a indústria de fundos de pensão terá um resultado muito bom em renda fixa porque estamos posicionados em ativos de longo prazo NTN-B e como a curva de juros caiu muito quando você marca a mercado tem um ganho expressivo", explicou, lembrando que o resultado deve ser ruim para carteiras atreladas ao CDI.
Em busca de diversificação de sua carteira, a Previ tem como alvo o investimento na área imobiliária. De acordo com Sana a meta é, em cerca de 5 anos, elevar o porcentual investido no segmento dos atuais 4,5% para 7% do total de ativos da Previ, hoje de cerca de R$ 160 bilhões. A Previ descarta investir em prédios residenciais e focará em edifícios comerciais, participação em shoppings e empreendimentos logísticos. (Mariana Durão)