Alimentos pressionaram mais uma vez o índice de preços.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Os preços de alimentação e transportes subiram com mais força em dezembro e a prévia da inflação oficial encerrou o ano acumulando alta de quase 11%, a maior em 13 anos e colocando cada vez mais pressão sobre o Banco Central para elevar os juros básicos novamente.

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O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) subiu 1,18% em dezembro, contra alta de 0,85 por cento em novembro, divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Trata-se da taxa mensal mais alta para o mês desde 2002 (+3,05%).

O resultado levou a alta acumulada do IPCA-15 neste ano a 10,71%, maior taxa anual desde 2002, quando encerrou a 11,99%. O período de coleta do IPCA-15 vai do dia 15 do mês anterior ao dia 15 do mês corrente.

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O resultado indica que a inflação oficial medida pelo IPCA vai fechar 2015 bem acima do teto da meta do governo, de 4,5% com tolerância de 2 pontos percentuais para mais ou menos.

Na véspera, o presidente do BC, Alexandre Tombini, informou que na carta que terá que escrever para justificar o estouro da meta vai reforçar o peso exercido pelo ajuste intenso de preços relativos na economia.

Afirmando que o Brasil vive momento de aperto na política monetária, ele destacou que o objetivo é fazer a inflação convergir para o centro da meta de 4,5% em 2017, ficando no limite de tolerância do regime de metas em 2016.

A expectativa em pesquisa da Reuters para o resultado de dezembro do IPCA-15 era de alta de 1,11% na base mensal e de 10,64% em 12 meses.

Alimentos e transportes

Segundo o IBGE, o maior peso sobre o resultado do mês foi exercido pelo item alimentação e bebidas, de 0,50 ponto percentual após alta de 2,02% no mês.

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Também pesou a alta de 1,76% dos preços de Transportes, com peso de 0,32 ponto percentual no índice do mês. Juntos, os dois grupos responderam por 69 por cento do IPCA-15.

O maior impacto individual foi exercido pelos combustíveis, cujos preços subiram 3,41%, ainda como efeito do reajuste de 6% nos preços das refinarias em vigor desde o dia 30 de setembro.

A inflação também vem sofrendo os efeitos da disparada do dólar para cerca de R$ 4, e não mostra sinais de arrefecer mesmo diante do cenário de recessão da economia, intensificado pela ameaça de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

O próprio BC já piorou suas estimativas para a inflação e deu sinalizações de que pretende voltar a elevar os juros básicos em breve, o que levou economistas a passaram a esperar nova alta na Selic em 2016.

“Um alívio na inflação deve acontecer somente na metade do ano que vem, quando sazonalmente há uma queda, mas também porque até esperamos que as ações de política monetária surtam efeitos”, disse o economista da Austin Rating, Wellington Ramos.

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“O BC realmente fica bem pressionado. Vai ter que concentrar esforços para não deixar que a inflação se distancie tanto do centro da meta, mas também haverá uma forte pressão política com relação ao crescimento (devido às expectativas de contração).”

Pesquisa Focus do BC, que ouve cerca de centena de economistas todas as semanas, mostra que a projeção de alta do IPCA este ano é de 10,61%, chegando a 6,80% em 2016, em ambos os casos acima do teto da meta. Para a Selic a expectativa é de 14,63% na mediana das projeções.

No ano, foi o grupo Habitação que registrou a maior alta de preços, de 18,51%, impactado pelas altas de energia elétrica ao longo do ano. A segunda maior alta aconteceu em Alimentação e Bebidas, de 12,16%.