O IPCA-15 variou 0,69% em março, informou nesta sexta-feira (24) o IBGE. O dado indica uma desaceleração em relação a fevereiro (0,76%) e também é inferior ao de março de 2022 (0,95%), mas ficou ligeiramente acima da projeção mediana do mercado (0,67%). O aumento de tributos sobre combustíveis e energia elétrica foi uma das principais fontes de pressão sobre o índice.
Em 12 meses até março, o IPCA-15 acumula alta de 5,36%, abaixo dos 5,63% acumulados até fevereiro. O número, embora permaneça acima da meta de inflação perseguida pelo Banco Central neste ano (de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual), foi lido como um sinal de alívio, ao menos momentâneo.
Para Andrea Angelo, economista-chefe e especialista em inflação da corretora Warren Rena, "há uma importante desaceleração em curso da inflação". Em relatório, ela afirmou que esse movimento é causado pela "pela dinâmica menos favorável da atividade econômica e da política monetária que devem ter seus efeitos intensificados a frente".
Economistas da Terra Investimentos observam que os chamados "núcleos" da inflação cederam em relação a fevereiro, mas sugerem cautela e afirmam que é prematuro considerar o dado como uma inflexão na tendência da inflação.
Rodolfo Margato, da XP Investimentos, foi na mesma linha: “Parece cedo para afirmar que o processo de desinflação retomará tração daqui para frente, tendo em vista o cenário de elevação das expectativas inflacionárias, taxa de câmbio depreciada e alguns estímulos de curto prazo à atividade econômica", escreveu.
Tributação de combustíveis e energia pressionou IPCA-15
O IPCA-15 calcula a inflação entre o dia 16 de um mês e o dia 15 do mês seguinte. É considerado uma prévia do IPCA "cheio", que mede a variação de preços entre o início e o fim de cada mês e serve de baliza para as metas de inflação perseguidas pelo Banco Central.
Segundo o IBGE, de nove grupos e serviços pesquisados no IPCA-15, oito tiveram alta em março. Houve queda apenas em Artigos de Residência (-0,18%).
A maior variação (1,5%) e o maior impacto sobre o índice (contribuição de 0,3 ponto porcentual) vieram do grupo de Transportes. Segundo o IBGE, o preço médio da gasolina subiu 5,76% após a retomada da cobrança de tributos federais, na virada do mês. Esse combustível, sozinho, respondeu por 0,26 ponto porcentual do IPCA-15 de março.
O etanol, que havia ficado 1,65% mais barato em fevereiro, subiu 1,96% em março. Por outro lado, diesel (-4,86%) e gás natural veicular (-2,62%) baixaram de preço. "Cabe ressaltar também a alta de 9,02% nos transportes por aplicativo, após recuo de 6,05% em fevereiro", informou o IBGE.
Outro destaque do mês foi a alta média de 2,85% na energia elétrica residencial, que contribuiu com 0,11 ponto porcentual da inflação do mês. A principal causa para o aumento foi a retomada da cobrança de ICMS sobre tarifas de transmissão (TUST) e distribuição (TUSD), determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – liminar do ministro Luiz Fux em fevereiro acabou confirmada pelo plenário da Corte no início de março.
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