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conjuntura

Prévia do PIB cai pelo 3.º mês e põe retomada em xeque

Linha de produção na Cidade Industrial de Curitiba: perda de competitividade da indústria afetou desempenho da economia | Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Linha de produção na Cidade Industrial de Curitiba: perda de competitividade da indústria afetou desempenho da economia (Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo)

A economia brasileira encolheu em março. O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), espécie de prévia do Produto Interno Bruto (PIB), se contraiu 0,35% em março, na comparação com fevereiro, na série com ajuste sazonal. O dado foi divulgado ontem pelo Banco Central, responsável pelo indicador. A retração foi maior do que a projetada pela maioria dos analistas de mercado, que já apostam em uma retomada mais lenta da economia brasileira em 2012. O resultado abaixo do esperado também deve acelerar o ciclo de corte de juros da economia.

Essa foi a terceira queda mensal do indicador, que havia recuado 0,13% em janeiro e 0,23% em fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre deste ano, a atividade econômica registrou alta de 0,15% na comparação com o quatro trimestre de 2011. Essa velocidade é menor em relação à que foi vista entre outubro e dezembro passados, quando o indicador mostrou expansão de 0,20% sobre o trimestre anterior. Na comparação com os três primeiros meses do ano passado, a atividade cresceu apenas 1,06%.

"O resultado mostra uma clara perda de dinamismo da economia brasileira, provocada pela perda da competitividade da indústria, a queda na taxa de crescimento do varejo e do consumo, impactado pelo aumento do endividamento e do crédito mais seletivo", diz Luciano D´Agostini, economista do grupo de pesquisa Macroeconomia Estruturalista do De­sen­volvimento e professor da FAE Business School.

Para Rafael Bistafa, economista da Rosenberg Consultores Associados, o resultado decepcionou. "Já se esperava uma retração, mas ela veio pior", diz. Segundo ele, seria necessário que a economia tivesse um desempenho muito acima da média no segundo semestre para que o crescimento de 4% a 4,5% que o governo ambiciona pudesse ser alcançado. "Mantivemos nossa projeção de 3% do crescimento do PIB para este ano, mas com viés de baixa. Vamos esperar o resultado oficial do PIB, mas já devemos rever essa previsão", afirma.

Em 2011, o crescimento do PIB foi de 2,7%. A expectativa inicial do governo era de um crescimento de 4,5% para 2012, mas o próprio relatório Focus, do Banco Central, já revisou para baixo essa projeção e agora estima com algo em torno de 3,5%.

O índice do Banco Central incorpora estimativas para a produção nos três setores básicos da economia – serviços, indústria e agropecuária. Os dados oficiais sobre o desempenho do PIB no primeiro trimestre serão divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente no início de junho.

Para os analistas, o fraco desempenho adia a tão esperada recuperação da economia. Luciano D’Agostini, que previa um crescimento de 2,7% para o PIB em 2012, já está refazendo os cálculos. "Provavelmente o crescimento será inferior", diz. Para a MB Associados, o resultado coloca em xeque a esperada retomada a partir do segundo trimestre e, com a piora do cenário internacional, essa recuperação será mais lenta. A consultoria também não descarta um crescimento do PIB até mesmo inferior a 2,7% para 2012.

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Governo ainda prevê alta de 4,5% no PIB

Agência O Globo

O governo insiste que o PIB vai crescer 4,5% neste ano, apesar dos sinais de desaceleração na economia. A previsão foi mantida no Relatório de Avaliação Fiscal e Cumprimento de Metas referente ao 2.º bimestre, divulgado ontem pelo Ministério do Planejamento.

Mesmo antes do agravamento da crise internacional desde abril, o Banco Central já era mais moderado do que o governo, porque previa um crescimento de 3,5% do PIB no último "Relatório de Inflação" divulgado no fim de março. Analistas de mercado apostam em um crescimento de 3,20% da economia em 2012.

O Ministério do Plane­jamento também manteve a projeção para a variação do IPCA em 2012, de 4,70%, enquanto o Banco Central projetou 4,40% em seu último Relatório de Inflação. A estimativa do Ministério do Planejamento para a taxa básica de juros, a Selic, no fim de 2012 foi reduzida para uma média de 9,86% ao longo do ano, enquanto no primeiro bimestre era esperada uma taxa de 11,63%.

Os números do BC – criados para balizar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) em relação sua política de juros já que os números oficiais do IBGE saem com um grande atraso – confirmam um desempenho da economia cada vez mais fraco em relação ao esperado anteriormente.

Apesar de mantida a previsão do Ministério do Planejamento de uma alta de 4,5% no PIB, a equipe econômica já desistiu de fazer o país crescer 4% como o pretendido pela presidente Dilma Rousseff.

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