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A prévia da inflação para o mês de novembro calculada pelo IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) ficou em 0,62% de acordo com dados do IBGE divulgados nesta terça (26). O indicador é maior do que o esperado pelo mercado financeiro – de 0,50% – e foi puxado para cima principalmente pelos preços dos alimentos e das despesas pessoais.
Segundo o instituto, os alimentos e bebidas pesaram em 1,34% no índice, por causa dos aumentos do óleo de soja (8,38%), do tomate (8,15%) e das carnes (7,54%). No total, a alimentação em casa subiu de 0,95% em outubro para 1,65% em novembro.
Já as despesas pessoais foram impactadas por conta do aumento da alíquota específica do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) no preço dos cigarros, que subiu 4,97%.
Por outro lado, a conta de luz residencial teve uma redução de 5,29% em outubro para 0,13% em novembro, coma mudança da bandeira tarifária de vermelha para amarela. Isso ajudou a reduzir um pouco os custos das despesas de Habitação de 1,72% para 0,22%.
Dos nove grupos analisados pelo IBGE, apenas as despesas com educação tiveram uma leve queda no mês, de 0,01%.
No apanhado do ano, o IPCA-15 acumula uma alta de 4,35%, enquanto que, nos últimos 12 meses, soma 4,77% – o teto da meta de inflação é de 4,5%. Isso, aponta o economista Matheus Pizzani, da CM Capital, preocupa o mercado financeiro para o próximo ano.
“As altas observadas no grupo de alimentação e em determinados componentes do grupo de preços administrados devem dar a tônica da inflação ao longo do próximo ano, com efeitos adversos sobre o nível de demanda agregada, que tendem a ser catalisados a partir da manutenção de uma política monetária efetivamente restritiva”, disse.
Índice pode influenciar nova alta da Selic
O economista vê que “é forçoso reconhecer” que a trajetória atual da inflação do país deve “seguir demandando atuação firme por parte do Banco Central” – ou seja, um aumento da taxa básica de juros que está em 11,25% sem expectativa de queda.
Isso fará com que o atual diretor de Política Monetária e futuro presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, tome posse do cargo no ano que vem já tendo que justificar o motivo de não ter cumprido a meta de inflação. A expectativa do mercado financeiro é de que termine o ano em 4,63% de acordo com o Relatório Focus desta segunda (25).
“Existe ainda o gargalo representado pelas expectativas de inflação de médio prazo, componente de grande relevância para as projeções do BCB [Banco Central] e que devem seguir degringolando em meio ao ambiente macroeconômico mais adverso enfrentado atualmente, reforçando a necessidade da continuidade do atual ciclo de alta, esvaziando a possibilidade de um cenário de fim de ciclo precoce e empurrando a discussão para o campo da magnitude dos próximos ajustes”, completou Matheus Pizzani.
Felipe Vasconcellos, sócio da Equus Capital, vai além e prevê um avanço forte “de 0,75% na Selic na próxima reunião do Copom [nos dias 10 e 11 de dezembro], levando a taxa de juros para 12% até o final do ano, acima dos 11,75% previstos há apenas algumas semanas”.