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“Primário brasileiro é industrializado”, diz economista

Antonio Barros de Castro, Roberto Milani, Luiz Augusto Castro Neves e Míriam Leitão, durante painel da Expogestão | Divulgação
Antonio Barros de Castro, Roberto Milani, Luiz Augusto Castro Neves e Míriam Leitão, durante painel da Expogestão (Foto: Divulgação)

O risco de desindustrialização diante da invasão de produtos chinenes é atenuado no Brasil devido ao novo perfil da exportação brasileira de commodities. Para o economista Antonio Barros de Castro, ex-presidente do Banco Nacional de Desen­volvimento Econômico e Social (BNDES), o pré-sal e o etanol são exemplos de produtos primários com cadeias produtivas de alto potencial industrial. "An­­tes tínhamos o café, que não agregava nada. Mas o que é o [setor] primário brasileiro hoje? O pré-sal, que já é um catalisador de investimentos e terá grande participação na economia a partir de 2015, e o campo, que é altamente in­dus­trializado", disse, citando o etanol.

A relação entre o Brasil e a China foi discutida ontem num painel da Expogestão, em Joinville. Além de Cas­tro, participaram da mesa Luiz Augusto Castro Neves, ex-em­baixador do Brasil na China (2004-2008), e o executivo Ro­­ber­­to Milani, diretor-fundador do Conselho Empresarial Bra­sil-China. O encontro foi me­­dia­­do pela jornalista Míriam Leitão.

Os integrantes do painel foram unânimes em afirmar que, sim, o Brasil corre o risco de se desindustrializar diante da concorrência chinesa, mas que esse é um fenômeno menos assustador do que querem fazer parecer os industriais. "Algumas indústrias vão morrer, mas outras vão nascer", afirmou o diplomata brasileiro. "O que os empresários brasileiros precisam ver são as janelas de oportunidades, que são muitas."

Os debatedores também discutiram os fatores da suposta concorrência desleal dos chineses, especialmente o câmbio manipulado, mão de obra em regime de quase escravidão e a reserva gigantesca de trabalhadores. Para o ex-embaixador, é uma lenda a ideia de que os salários na China são muito menores do que no Brasil. "O problema é que aqui temos um salário ruim combinado com uma mão de obra cara. É o único país do mundo que conseguiu essa combinação esdrúxula. A diferença é que a lei trabalhista chinesa foi pensada para gerar empregos, e não privilégios", afirmou.

O economista Antonio Barros de Castro também disse que o Brasil precisa encontrar o seu próprio modelo para ganhar competitividade, como fez o país asiático. A China, segundo ele, criou um sistema que combina alta tecnologia com processos primários.

"Criou-se um sistema com processos muito simplórios ao mesmo tempo em que se usam as máquinas de última geração, invejadas por qualquer indústria brasileira. É uma mescla de enorme originalidade visando o preço mais barato. Ou seja, não é só uma questáo de mão de obra mais barata", afirmou.

O jornalista viajou a convite da Expogestão

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