O principal índice acionário da Bovespa encerrou a sexta-feira (15) no menor patamar em mais de dois meses, amargando sua quarta queda semanal consecutiva, diante de um cenário externo mais cauteloso e de preocupações com a economia doméstica.
O Ibovespa recuou 0,3%, a 57.903 pontos, no menor nível desde 6 de dezembro. Com isso, o índice acumulou baixa de 1,02% na semana, a quarta seguida. O giro financeiro do pregão foi de R$ 7,02 bilhões.
Segundo analistas, temores com as perspectivas de crescimento da economia brasileira, diante de crescentes pressões inflacionárias, e com o intervencionismo do governo em diversos setores pesavam na bolsa doméstica.
"O governo está enfrentando problemas estruturais e o modo como eles estão lidando com isso não é o mais correto na visão dos investidores", disse o analista de renda variável João Pedro Brugger, da Leme Investimentos.
Às vésperas do vencimento de opções sobre ações, que ocorre na segunda-feira (18), as ações da petrolífera OGX, do empresário Eike Batista, foram a principal pressão negativa para o Ibovespa, com queda de 6,49%.
Dada a elevada posição vendida de estrangeiros no mercado futuro, operadores citavam que a expectativa é que o exercício de opções pressione ainda mais o índice no próximo pregão.
Nesta sexta-feira, no entanto, o recuo do Ibovespa foi limitado pelo avanço do setor bancário e financeiro, diante do aumento das apostas de alta da Selic já em maio.
Um cenário de juros mais altos beneficia as perspectivas de receita para bancos, comentou o estrategista-chefe da corretora SLW, Pedro Galdi. Por outro lado, a notícia pesa para papéis de consumo e construção --em tese, juros mais altos inibem gastos.
As preferenciais de Itaú Unibanco e Bradesco subiram 4,64 e 4,42%, respectivamente. Já a varejista Lojas Renner caiu 4,29% e a construtora Gafisa perdeu 3,08%.
Os mercados locais reagiram a declarações feitas a jornalistas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega - segundo ele, o juro, e não o câmbio, é o instrumento apropriado no combate ao avanço da inflação do país.
Além disso, o Banco Central voltou a atuar no câmbio nesta sessão, para segurar o dólar acima de R$ 1,95.
Segundo analistas, o recente fortalecimento do real tem pesado sobre ações de empresas exportadoras, que têm boa parte de seu faturamento em dólar.
A preferencial da mineradora Vale encerrou em queda de 0,76%, a R$ 36,47, enquanto a da Petrobras teve leve baixa de 0,23%, a R$ 17,63.
Na cena externa, investidores seguiam na expectativa pelos resultados da reunião dos líderes de Finanças das 20 principais economias do mundo em Moscou.
Em Nova York, o índice Dow Jones tinha queda de 0,31% e o S&P 500 perdia 0,38% às 18h16 (horário de Brasília). Mais cedo, o principal índice europeu de ações fechou em queda de 0,19%.
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