Caixas automáticos em banco de Curitiba: atendimento eletrônico não resolve todos os problemas. Febraban recomenda pesquisa para achar agências abertas| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Guia

Onde resolver problemas comuns durante a greve:

Caixa automático

• Pagamentos de contas em dia; saques de contas; consulta a saldo e extratos; depósitos; transferências; recebimento de benefícios; bloqueio/desbloqueio de cartões.

Correspondentes

• Pagamentos de contas em dia (até R$ 800); depósitos; recebimento de benefícios; bloqueio/desbloqueio de cartões.

Internet

• Pagamentos de contas em dia; consulta a saldo/extratos; transferências; contratação de alguns empréstimos; talões de cheques; bloqueio/desbloqueio de cartões; investimentos...

Impossível

• Compensação de cheques parados no caixa automático.

Soluções para casos específicos (como erros em depósitos).

• Abertura e fechamento de contas.

• Pagamentos de contas em atraso.

• Contratação de certas linhas de empréstimo.

• Cadastrar senhas para serviços bankline.

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Para cumprir certas demandas bancárias durante a greve nacional dos trabalhadores de bancos, iniciada no dia 19, a população de Curitiba tem sido obrigada a bater perna, principalmente pelo centro da cidade. Uma das maiores dificuldades sentidas por clientes ouvidos ontem pela Gazeta do Povo diz respeito à disponibilidade de envelopes para depósitos. Em algumas agências, eles não foram repostos ou acabaram recolhidos por funcionários. É o caso da Caixa Econômica Federal, que reconheceu ter dado a orientação por segurança, para evitar acúmulo de dinheiro e cheques em caixas automáticos de unidades quase vazias.

Outra reclamação – por ora sem solução – é a falta de compensação para cheques depositados antes ou durante a greve. A promotora de eventos Juraci Andrade, 58 anos, buscou ontem se informar sobre o assunto na Caixa e no Itaú, bancos dos quais é correntista. Seu receio é que cheques pré-datados disparados por ela meses antes caiam justamente antes de os cheques recebidos de clientes serem descontados. "Vou ter de dar um jeito de depositar algum dinheiro para cobrir os pré-datados", conta. A situação do diretor financeiro José Bossoni. 34 anos, é parecida. Ele conta estar temeroso de que os 34 funcionários do sindicato em que ele trabalha tenha pagamento atrasado. "O pagamento deles ocorre via cheque", conta. Ontem, ele procurava uma agência da Caixa em que o serviço estivesse disponível.

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Já a funcionária pública Rita de Cássia da Silva, 51 anos, teve dificuldades para pagar um boleto cujo o código de barras apresentava falha. Ela conta que tentou digitar o código do título, mas o caixa automático do Santander não aceitou a sequência numérica. "É o tipo de coisa que antes bastaria ir ao caixa para resolver", diz ela. O técnico de informática Davi Becker, 33 anos, disse encontrar dificuldades em sacar crédito pré-aprovado no Banco do Brasil. "O terminal informa estar sem comunicação com a instituição financeira", conta.

Via assessoria de imprensa, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) minimizou o problema ao defender que hoje poucas ações bancárias dependem de atendimento em agência. A orientação é que consumidores procurem serviços on-line (bankline) e em "correspondentes" – lotéricas e estabelecimentos que oferecem serviços financeiros. Mas a federação admite que certos casos estão sem solução durante a greve, como os cheques sem compensação e as orientações para problemas específicos.

A Febraban aconselha que a população procure se informar sobre agências que permanecem abertas. Segundo o Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana, ontem havia 355 agências e centros administrativos fechados (273 deles em Curitiba). A federação afirma que boa parte das agências estão abertas no país, mas não soube informar ontem se a situação se repete na capital paranaense. A federação também argumenta não ser possível oferecer à população um mapa da situação das agências no país porque esta seria mutável ao longo do dia.

"Vigias de greve" custam R$ 50 por dia

A Federação Nacional dos Bancos, entidade que representa os bancos, ligada à Febraban, afirma que a greve dos bancários pode estar tendo mais impactos no Paraná devido à contratação de piqueteiros. A federação afirma que pessoas estariam sendo remunerados para impedir a entrada de funcionários e manter agências fechadas.

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A Gazeta conversou ontem com duas mulheres que afirmaram terem sido contratadas como "vigias de greve". Segundo elas, o recrutamento ocorre desde o dia 19 sempre às 7 horas, na Praça Carlos Gomes. O pagamento é de R$ 50 por dia (das 7h30 às 16h30).

A tarefa: garantir que cada agência tenha só dois funcionários trabalhando. "Tem gerente que é legal, nos apresenta aos funcionários para que a gente saiba quem pode entrar", diz uma delas. "No fim do dia, recolhemos as faixas", diz ela, que concluiu a tarefa em frente à repórter.

O diretor do sindicato dos bancários da RMC, Junior Cesar Dias, nega a acusação. Segundo ele, a entidade tem contratado apenas pessoas para transportar o material da mobilização. O diretor afirma que foi aprovado em assembleia um limite para o número de funcionários nas agências, mas sustenta que os trabalhadores já o "interiorizaram". "Foi uma decisão de assembleia", diz. Ele diz que qualquer medida nesse sentido seria "incoerente" porque a adesão tem sido alta.