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Problemas nos EUA são sombra para nova bolsa

William O’Brien, presidente da Direct Edge: compromisso com o Rio de Janeiro | JP Engelbrecht /Prefeitura do Rio
William O’Brien, presidente da Direct Edge: compromisso com o Rio de Janeiro (Foto: JP Engelbrecht /Prefeitura do Rio)

A Direct Edge, a quarta maior bolsa dos Estados Unidos, controlada por um consórcio que inclui International Securities Exchange e JPMorgan Chase, anunciou sua vinda ao Brasil. Após voltar a preocupar Wall Street por conta de problemas técnicos em seu sistema, na semana passada, a empresa diz que pretende entrar no país sem trazer riscos técnicos. "Estamos comprometidos a trazer concorrência de forma a não introduzir novos riscos sistêmicos e operacionais, bem como fazer o processo de transição de forma transparente para os corretores e com gestão eficiente de custo", afirmou, por e-mail, o chefe de estratégia da companhia Anthony Barchetto.

De acordo com o executivo, a Direct Edge está finalizando o pedido formal para operar o serviço de bolsa de valores no Brasil, e espera apresentá-lo à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) "dentro de algumas semanas". "Sem fazer qualquer previsão de participação de mercado, acreditamos que podemos agregar valor à comunidade comercial brasileira e ao mercado de capitais como um concorrente respeitoso responsável", disse Barchetto.

Nos Estados Unidos, onde responde por 12% das operações em bolsa, a Direct Edge relatou duas ocorrências desde o final de dezembro em que "discrepâncias" em seu sistema podem ter afetado as cotações de vendas das ações. A empresa não informou maiores detalhes e se houve perdas a investidores, mas destacou que problemas assim vêm ocorrendo desde agosto de 2011 em suas duas plataformas. Em uma delas, o erro já foi corrigido no último dia 14. Na outra, só será solucionado dia 15 de fevereiro.

O mercado brasileiro já sofreu algumas investidas estrangeiras, mas as bolsas esbarraram no mesmo obstáculo: a resistência da BM&FBovespa em permitir o uso de seu sistema de custódia e compensação de ativos – a clearing. Sobre isso, o executivo comenta que é do interesse de todos os participantes do mercado ter transações compensadas por meio de uma câmara única. "Estamos dispostos a fazer o que for necessário para ajudar a facilitar isso e estender a mão para todas as partes relevantes relacionadas a este processo", garantiu.

No início do mês passado, o presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, reforçou que não pretende se afastar dos seus projetos, como a integração das clearings e o sistema de risco integrado, para analisar possíveis parcerias com concorrentes interessados em ingressar no Brasil. "Devemos concluir nossos projetos até o final de 2014. Antes disso, não vamos nos afastar deles", disse.

Rio de Janeiro

Os contatos da Direct Edge com o Brasil vêm desde 2011. Naquele ano, o presidente da empresa, William O’Brien, firmou compromisso com a prefeitura do Rio de Janeiro, para manter sua sede na cidade. O Rio foi o principal centro do mercado de capitais no país até a sua quebra, em 1989.

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