Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
saúde

Procura por posto público cresce 30%

Depois de tentar marcar uma consulta com um clínico geral em Ivaiporã, Noroeste do estado, a dona de casa Eronice Delecio, 52 anos, foi obrigada a procurar atendimento em um posto de saúde e consultar um médico do Sistema Único de Saúde (SUS). Eronice tem um plano há cinco anos e paga cerca de R$ 80 mensais. "Os funcionários do plano alegaram que o médico estava em férias, mas ficamos sabendo que ele pediu descredenciamento. É uma falta de consideração para com os pacientes que pagam em dia as mensalidades", critica Eronice, que pretende mudar de operadora.

Desde o início do ano, 40 médicos credenciados em mais de 10 operadoras de saúde que atendem em Ivaiporã pediram o cancelamento de seus contratos. "Todos os profissionais credenciados se reuniram e apresentaram uma proposta de aumento nos valores pagos pelos honorários médicos, mas não houve um denominador comum por parte das operadoras", argumenta Anderson Wagner Garcia, médico e membro da Associação Médica do Paraná na regional.

Por causa do descredenciamento dos médicos, o secretário municipal de Saúde, Sandro Chotti, está contratando mais um clínico geral para os postos da cidade. "Os pacientes que possuem planos não querem aguardar para serem ressarcidos e buscam nos postos de saúde o atendimento médico, que é mais rápido. Por conta disso, desde o anúncio do descredenciamento [em fevereiro] houve um aumento de 30% no número de consultas. Para atender a demanda estamos contratando um clínico geral, mas, por ser cidade pequena, muitos profissionais se recusam", diz Chotti. Ele lembra que a cardiologia tem sido a especialidade com maior procura. "A média de consultas era de 80 por mês; após o descredenciamento dos médicos, o número saltou para 100", conta.

Repasse

Segundo Garcia, a média de R$ 40 repassada pelas operadoras por uma consulta médica tornou inviável a manutenção dos contratos. "O valor repassado por consulta não ajudava a pagar os impostos municipais, empregados e a manter os equipamentos e o aluguel do estabelecimento comercial. Manter um consultório aberto ficaria inviável", diz.

O médico garante que os pacientes não deixaram de ser atendidos. "Eles vão pagar a consulta ou o exame, pegar o recibo e buscar junto à operadora o ressarcimento do valor. A Agência Nacional de Saúde (ANS) garante ao paciente o reembolso", afirma.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros