Os carros populares vêm perdendo participação nas vendas no Brasil. A fatia dos automóveis 1.0 atingiu 46,2% do total em janeiro, igualando o patamar registrado em novembro de 2008, logo depois do agravamento da crise mundial. De acordo com os dados divulgados ontem pela Anfavea (associação das montadoras), os veículos com motorização entre 1.0 e 2.0 representaram 52% dos licenciamentos; os acima de 2 mil cilindradas foram 1,8% do mercado.
Para o presidente da entidade, Cledorvino Belini, "ainda é cedo" para atribuir essa redução na participação dos carros populares no total de vendas às medidas para frear os financiamentos no setor automotivo tomadas pelo governo federal no fim de 2010. "Pode ser pontual de um mês, mas pode ser também [uma queda] em função da restrição de crédito. Em mais dois ou três meses poderemos chegar a essa conclusão", afirmou.
As medidas do BC atingiram principalmente consumidores que adquirem carros em planos longos de financiamento e sem entrada. O consultor do setor automotivo André Beer, ex-presidente da Anfavea, chama a atenção para o fato de que, já em dezembro, a participação de carros populares nas vendas havia caído para 48%. "Há muitas pessoas em stand by, esperando para comprar o carro novo", afirma.
Um dos argumentos do governo para adotar as medidas foi o crescimento da inadimplência. Belini, no entanto, informou que em janeiro apenas 2,6% dos contratos estavam com atrasos acima de 90 dias, o menor índice desde 2001. "O setor tem ajudado a puxar para baixo o índice total de inadimplência [que inclui outros produtos, como eletrodomésticos], que está em 5,7%", argumenta.
Janeiro
Apesar dos resultados inferiores na comparação com dezembro, a indústria automobilística registrou o melhor janeiro em vendas e produção. Incluindo caminhões e ônibus, foram produzidos 261,7 mil veículos, 6,4% a mais que em igual mês de 2010, mas 9,1% a menos que em dezembro. As vendas aumentaram 14,8% em relação ao primeiro mês de 2010, para 244,8 mil unidades, mas foram 35,8% menores que dezembro.
O presidente da Anfavea lembra que janeiro historicamente é um mês mais fraco. Além disso, dezembro foi o melhor mês da história, com 386,6 mil unidades comercializadas. Já a produção caiu menos, segundo ele, em razão de necessidade de repor estoques. Janeiro fechou com 269,7 mil carros em estoque nas concessionárias e fábricas, o equivalente a 34 dias de vendas. No mês anterior havia 254,8 mil veículos, suficientes para 21 dias de vendas.As vendas de automóveis e veículos comerciais leves do modelo bicombustível (flex) somaram 193,5 mil unidades em janeiro, o que equivale a 84,1% do total comercializado na categoria no país. O resultado indica um recuo em relação ao desempenho de dezembro, quando a fatia dos bicombustíveis era de 85,6%, com 309,2 mil unidades.
Empregos
O setor encerrou o mês de janeiro com 137,3 mil empregados, crescimento de 0,9% em relação a dezembro. Na comparação com janeiro de 2010, houve alta de 8,8% no contingente. O número é o maior desde dezembro de 1990, quando havia 138,4 mil funcionários. O segmento de máquinas agrícolas teve alta de 1,2% no número de empregados na comparação com dezembro e registrou 18,7 mil funcionários. Em relação a janeiro de 2010, a alta é de 18,5%.