A produção total de etanol brasileira pode triplicar até 2020, afirmou um representante da indústria nesta segunda-feira, acrescentando que as exportações do biocombustível subiram 20 por cento no primeiro semestre de 2008 ante o mesmo período do ano anterior.
"Entre o primeiro semestre de 2007 e o primeiro semestre de 2008, nossas exportações globais de etanol subiram 20 por cento. O aumento das exportações aos Estados Unidos foi um pouco menor", afirmou Geraldine Kutas, diretora da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
As exportações aos Estados Unidos representam cerca de 50 por cento do volume total de exportações de etanol, disse Kutas à Reuters em entrevista no intervalo de uma conferência do setor de energia na Eslovênia.
Ela apontou que o alto custo do etanol norte-americano permitiu que o Brasil enviasse metade do volume exportado aos EUA diretamente, apesar das altas tarifas, enquanto a outra metade foi embarcada aos EUA via Caribe.
Kutas também afirmou que o Brasil pode desafiar a tarifa dos Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio.
"O diálogo é nosso principal instrumento... mas por outro lado também estamos explorando a possibilidade de desafiar a tarifa dos EUA na OMC", disse Kutas.
Os EUA adotam uma tarifa de 54 centavos por galão mais 2,5 por cento, mas o Brasil ficou ainda mais irritado no ano passado, quando os norte-americanos decidiram reduzir o crédito tributário.
Alta da produção
Kutas disse que 54 por cento da cana-de-açúcar será usada para a produção de etanol neste ano, ante 50 por cento em 2007, com o restante indo para a produção de açúcar.
Apesar das fortes chuvas em maio, junho e agosto, a colheita de cana será maior neste ano, disse ela, porém sem dar detalhes.
Entretanto, a produção de cana deve aumentar com força nos próximos 12 anos, quando o país planeja dobrar a área de plantio.
"Atualmente temos 3,4 milhões de hectares plantados para etanol e 7,3 milhões para cana-de-açúcar como um todo. Estimamos expandir a área total de cana-de-açúcar para 14 milhões de hectares, dobrar, até 2020", disse Kutas.
"Com isso poderemos quase triplicar a produção de etanol, porque a produtividade está crescendo... achamos que teremos uma segunda geração também comercialmente disponível provavelmente por volta de 2015, e isso vai elevar a produtividade de etanol em 50 por cento".
Ela disse que a produção de açúcar também vai aumentar, mas o Brasil será cuidadoso para não inundar o mercado com açúcar, já que isso pode resultar em mais uma queda dos preços.