A produção da indústria do Paraná registrou, no mês de março, o pior desempenho entre as 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A queda foi de 3,2% se comparada a março de 2005, enquanto estados como Pará e Ceará cresceram 17,5% e 12,3%, respectivamente. No primeiro trimestre do ano, a produção paranaense registra decréscimo de 5,5% em comparação com igual período do ano passado – contra uma média nacional de crescimento de 4,6% no período analisado – e também é a pior do país.

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A queda de 3,2% é o nono resultado negativo consecutivo da indústria paranaense em comparação com meses anteriores. No acumulado dos últimos 12 meses, o decréscimo foi de -1,1%.

Segundo o IBGE, houve queda na produção em 8 das 14 atividades pesquisadas, com destaque para máquinas e equipamentos (-15,3%), madeira (-19%) e edição e impressão (-14,7%). Por outro lado, houve resultados positivos para indústrias de celulose e papel (13,0%) e alimentos (4,4%).

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Na semana passada, o IBGE divulgou que a produção industrial caiu 0,3% em março na comparação com fevereiro, mas avançou 5,2% em relação a março de 2005. O IBGE também apontou uma aceleração do crescimento industrial entre o quarto trimestre do ano passado (1,3%) e os três primeiros meses deste ano (4,6%).

A forte presença dos segmentos de bens de consumo tanto duráveis como semi e não-duráveis e a sustentação das exportações explicam o bom desempenho dos locais que apresentaram os maiores ganhos entre os dois trimestres: Pará (12,6%), Amazonas (10,6%) e Ceará (10,3%).

"O principal recado dado pelos números do IBGE ao Paraná é que o estado deve diversificar sua produção, para não depender do preço internacional de commodities, e que é preciso agregar mais valor aos produtos para vendê-los pela sua qualidade." A avaliação é do coordenador do Núcleo de Pesquisas da Unifae, o economista Christian Luiz da Silva. O mau desempenho da indústria estadual é reflexo direto da crise enfrentada no campo.

Com a quebra da safra e a queda no preço de grãos no mercado internacional – agravada no Brasil pela desvalorização do dólar frente ao real – os produtores agrícolas deixam de oferecer demanda ao setor de máquinas e equipamentos, por exemplo. "Outros estados têm melhor distribuição (de produção), mas o Paraná é muito dependente do setor agrícola", diz o professor.

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A queda na produção de veículos automotores, de acordo com Christian Silva, encontra ainda outras explicações. "Nós vínhamos direcionando a produção para o mercado externo, mas agora estamos reduzindo o volume de exportações, pois não há tanto fluxo quanto se esperava", avalia.

"Já no setor de celulose e papel é o contrário: a conjuntura é favorável porque o preço internacional está alto", explica Silva. E é essa dependência dos preços internacionais que pode ser evitada, segundo ele, empregando-se tecnologia e melhorando a qualidade pra que a produção aumente de valor.