A produção industrial brasileira cresceu 0,2% em junho em relação a maio, na série com ajuste sazonal, divulgou, ontem, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a primeira alta mensal depois de três quedas consecutivas. Na comparação com junho de 2011, entratanto, a atividade da indústria recuou 5,5%. Em ambos os casos, o resultado da atividade da indústria ficou mais fraco que o esperado pelos analistas. Até junho, a produção da indústria nacional acumula quedas de 3,8% no ano e de 2,3% nos últimos 12 meses.
Para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a produção industrial atingiu um ponto de virada, a partir do qual passará a apresentar resultados melhores que os registrados nos últimos balanços. "Ela (a produção industrial) está dando uma virada. É um ponto de inflexão depois de ter crescimento negativo durante vários meses consecutivos. Vejo que, agora, é um ponto de virada. Daqui para frente vamos ter resultados melhores". O setor recebeu mais de R$ 100 bilhões em incentivos desde o ano passado.
Alcides Leite, economista da Trevisan Escola de Negócios, destacou o aumento na produção de automóveis que avançou 3% no mês o que, para ele, contribui para a indústria como um todo. Mas considerou que o crescimento do índice não é suficiente para representar uma virada. "Essa melhoria resulta dos incentivos do governo. Mas a indústria está estagnada. O que veremos nos próximos meses são resultados oscilando perto desses números mesmo. Eles podem até voltar a cair um pouco", avaliou.
Montadoras
A indústria automobilística começa a reduzir os seus estoques, mas não o suficiente para aumentar significativamente a produção de automóveis. Esse desempenho influenciou diretamente o resultado de bens de consumo duráveis, cuja produção cresceu 4,8% na margem e caiu 6% em relação a junho de 2011.
"Utilizando dados de estoque da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), observamos que as vendas em junho se deram em um porcentual elevado. A produção não avançou na mesma magnitude do licenciamento porque os estoques estavam mais elevados, mas houve algum tipo de crescimento", afirmou o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo.
Ele ressaltou que a base de comparação é favorável. "É claro que houve uma mudança de comportamento, mas esse crescimento se dá sobre uma base que tinha se depreciado em meses anteriores. Precisamos relativizar se há transferência direta da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para a produção do mês seguinte."
Para Macedo, ainda não há um aumento significativo da produção que permita relação direta com a redução do IPI. "Certamente, reduzindo os estoques, é retomada a produção. Com o estoque regulado, a produção pode seguir o seu rumo. Mas, não necessariamente é o que vai acontecer. Temos que ficar de olho no que acontecerá nos próximos meses", destacou.