São Paulo – A comparação entre os números da produção industrial e importações de manufaturados nos quatro primeiros meses deste ano mostra que o real forte tem feito com que as compras de bens industriais no exterior cresçam em velocidade muito maior que a produção. Isso significa que a tendência da economia brasileira, em diversos setores, é substituir a produção local por importados, segundo o economista Fernando Ribeiro, da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).

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De janeiro a abril deste ano, a produção industrial medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) cresceu 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Na mesma base de comparação, a importação de bens de consumo duráveis aumentou 62,7%; a de bens de capital, 30,8%; e a de intermediários, 17,3%.

A tendência à substituição da produção local por importados é altamente polêmica. De um lado, esse movimento desenha um quadro negativo para as indústrias, sobretudo as intensivas em mão-de-obra, que não conseguem competir com os produtos mais baratos vindos de fora. O quadro que se agrava ainda mais pelo fato de o câmbio também desacelerar as exportações.

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No entanto, enquanto alguns setores da indústria se ressentem do aumento das importações, os economistas comemoram. Ribeiro, da Funcex, diz que a substituição da produção local não é exatamente ruim nem para o consumidor e nem para a própria indústria. Ao contrário. Primeiro, a possibilidade de incremento das importações via câmbio significa barateamento de insumos e conseqüente compensação da perda da rentabilidade com exportações – este é o caso de indústrias como a elétrica e eletrônica, a química e a automotiva.