A produção de aço na China caiu em agosto pela primeira vez em seis anos, acompanhando a redução nas vendas de imóveis e na fabricação de carros, dois dos principais setores que utilizam o produto. Segundo dados da consultoria Dragonomics, a área construída de imóveis residenciais negociados no mês foi 14,9% inferior ao do mesmo período do ano passado. A situação em Pequim é uma das mais dramáticas do país: o número de unidades vendidas na capital diminuiu 53% de janeiro a agosto, em relação aos oito primeiros meses de 2007, enquanto a redução na área vendida foi de 53%.
A demanda por aço vinha em desaceleração desde o último trimestre de 2007 e caiu 1% em agosto, na comparação com o mesmo mês de 2007. A queda é uma má notícia para a Vale, que tenta arrancar dos chineses um reajuste adicional de 11% no preço do minério de ferro, principal matéria-prima das siderúrgicas. Segundo a agência Bloomberg, o preço que a China paga no mercado à vista pelo minério de ferro importado teve queda de 17% no mês passado em Beilun, onde a maior siderúrgica do país, a Baosteel, recebe seus carregamentos. A queda foi a maior desde junho de 2006, quando os dados começaram a ser coletados.
"Os compradores estão fugindo do mercado: na última pesquisa de famílias urbanas do Banco do Povo da China, apenas 13,3% dos entrevistados disseram que pretendiam comprar um imóvel residencial nos próximos três meses - o menor índice desde que o levantamento começou, em 1999", diz análise da Dragonomics.
A desaceleração econômica deverá ser um dos temas da reunião plenária que o Comitê Central do Partido Comunista realiza a partir da próxima segunda-feira (dia 6) e que tem como agenda oficial a discussão de reformas na zona rural. O analista político Willy Lam acredita que líderes regionais do partido vão pressionar o governo central a adotar medidas de estímulo ao crescimento e a relaxar a política monetária. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.