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IBGE

Produção de alimentos cai e indústria brasileira desacelera

A crise americana e o aumento dos juros não afetaram a produção industrial brasileira até agosto, o que não impediu a desaceleração da atividade no país. Impactada pela queda na produção de alimentos voltados à exportação – de 3,1% sobre julho e 7,4% contra agosto de 2007, este o pior resultado dos últimos oito anos –, a produção industrial caiu 1,3% na comparação com julho e cresceu apenas 2% frente a agosto do ano passado. O fraco desempenho, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, também foi atribuído à diferença de dois dias úteis no calendário, nas duas comparações. A produção cresceu 6% nos oito primeiros meses do ano e 6,5% nos 12 meses.

Segundo o coordenador de indústria do IBGE, Silvio Sales, houve redução das exportações de açúcar, suco concentrado de laranja e carne bovina. Ele explicou que a queda de preço do açúcar no mercado levou usineiros a optar pela produção de álcool, reduzindo embarques. O suco de laranja teve redução de área plantada, também pela queda de preços. Já a carne vermelha sofreu com o aumento das exigências da União Européia sobre os exportadores.

Com a queda dos alimentos, a produção de bens intermediários (insumos utilizados na fabricação de produtos) recuou frente a julho (-2,7%) e desacelerou contra agosto de 2007 (-1,5%), influenciada também pela queda de químicos e refino. Os bens de capital mantiveram forte alta na comparação mensal (18,1%) e estáveis frente a julho (0,1%). "O segundo semestre do ano passado foi de forte crescimento. Pode haver, portanto, desaceleração até o final do ano", avaliou Sales.

Projeções

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) lembrou, em relatório, que os dados de agosto antecedem a piora da crise financeira internacional. O analista da consultoria Concórdia, Elson Teles, disse que os impactos da crise serão revelados nas próximas pesquisas e que a alta da produção industrial tende a desacelerar e encerrar este ano em 5,5%.

A mesma previsão faz o economista-chefe da MB Associados, Sérvio Vale, que antes acreditava num avanço de 6% da produção industrial. Ele explica que resolveu baixar sua previsão porque os resultados de agosto vieram abaixo das taxas com as quais a consultoria trabalhava.

Vale acredita que poderia ocorrer uma recuperação em setembro, se a indústria já não fosse refletir um pouco do agravamento da crise econômica internacional. "Tirando esta questão dos dias úteis, a atividade da indústria está mesmo passando por um processo de desaceleração, o que é bom para o Banco Central enquanto formulador de política monetária", avalia.

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