Produção de celulares reverte queda em agosto

Em forte queda desde novembro do ano passado, a produção industrial de celulares deu uma guinada em agosto, subindo 0,8% em relação a igual mês do ano passado, segundo informou desta terça o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O segmento de celulares foi responsável por um dos raros sinais positivos registrados na indústria em agosto.

A avaliação de dirigentes de entidades ligadas à produção de celulares é de que a reversão de tendência não é pontual. A expectativa é de bons resultados nos próximos meses. A economista da coordenação de indústria do IBGE, Isabella Nunes, explica que a produção de celulares vem registrando resultados positivos ante o mês anterior desde maio e, em agosto, reverteu os dados negativos que vinha amargando há nove meses na comparação com igual mês do ano anterior. Segundo ela, os celulares chegaram a registrar quedas mensais acima de 60% em dezembro do ano passado.

Isabella acredita que a atual reação do setor responde à recuperação na confiança dos consumidores, à retomada do crédito e ao bom desempenho do mercado de trabalho. Segundo ela, é preciso esperar os dados de setembro para verificar se os números positivos vão se manter.

O presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, região que abriga a fabricante Nokia, Mauricio Loureiro, disse que a produção de celulares e de outros bens de consumo duráveis como televisores e artigos de informática, já mostram reação significativa na produção na Zona Franca. "Temos uma boa perspectiva de recuperação nesses segmentos, ainda que a reação total só seja esperada para 2010", disse.

Segundo Loureiro, o emprego na Zona Franca já reage à melhoria na produção e, após uma redução de cerca de 17 mil postos de trabalho no final do ano passado, somando em dezembro 89 mil empregos diretos, a região já contabiliza 107 mil empregos e deve fechar o ano no patamar de 120 mil vagas. "As empresas vinham aguardando um sinal de recuperação. Ele chegou e as contratações voltaram", explicou. No que diz respeito aos celulares, Loureiro credita a recuperação à queda nos juros, à oferta de crédito e à retomada da confiança do consumidor.

A Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) informou que as empresas fabricantes de celulares consideram que o momento é de recuperação, com tendência de aceleração nos próximos meses. A expectativa da entidade é que a indústria de celulares feche o ano com queda acumulada de 15% na produção em relação ao registrado no ano passado. O resultado será considerado razoável diante do enorme tombo do final de 2008 e do primeiro semestre deste ano.

A expectativa da Abinee é de que, em 2009, sejam produzidos 62 milhões de aparelhos celulares no País, ante 73 milhões no ano passado, o melhor resultado para o setor desde o início da fabricação desses produtos no Brasil, em 1998. As exportações deverão cair 20% este ano ante o anterior, para cerca de 20 milhões de unidades. A entidade avaliou que a recuperação nesse segmento deve prosseguir ao longo do segundo semestre devido à retomada da confiança dos consumidores, que no primeiro semestre ainda adiavam a compra de aparelhos e linhas.