Após crescer pouco mais de 20% de maio a agosto, a produção industrial paranaense despencou 13,5% em setembro, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Bem mais forte que o da média nacional, que caiu 2% na mesma comparação, o recuo do Paraná foi também o mais severo entre os 14 locais pesquisados pelo IBGE.
Ao que tudo indica, o número de setembro representa uma espécie de acomodação após o desempenho vigoroso dos quatro meses anteriores, quando a indústria local avançou bem mais que a dos demais estados: entre maio e agosto, o Paraná acumulou um crescimento de 20,4%, contra um avanço de apenas 0,2% da média brasileira.
Segundo o economista Fernando Abritta, da coordenação de indústria do IBGE, o segmento de edição e impressão (a indústria gráfica) foi o principal responsável pela retração de setembro. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o segmento produziu 46,4% a menos, depois de um aumento de 120,9% um mês antes. "Essa atividade tem produção muito volátil, muito influenciada por encomendas, principalmente governamentais. Por isso essas fortes oscilações", explica Abritta.
O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, cita outros dois setores que puxaram a média estadual para baixo. "O segmento de máquinas e equipamentos, também muito influenciado por encomendas, recuou em setembro. Além disso, o setor automotivo, que teve produção bastante elevada em agosto, diminuiu o ritmo no mês seguinte."
Apesar da queda em relação a agosto, a indústria do Paraná cresceu 1,5% em relação a setembro de 2010, enquanto a indústria brasileira registrou uma retração média de 1,6%. Dos 14 ramos monitorados no estado, oito ampliaram sua produção nesse tipo de comparação, com destaque para as montadoras de veículos, cuja alta de 28,6% foi influenciada em grande parte "pela maior fabricação de caminhões, caminhão-trator e bombas injetoras", segundo o IBGE. O relatório do instituto também chamou atenção para os aumentos de 31,9% na produção de combustíveis, em especial gasolina e diesel, e de 4% na de alimentos.
Longo prazo
De janeiro a setembro, a produção industrial do Paraná aumentou 4,4% em relação a igual período de 2010, impulsionada pela expansão de dez das 14 atividades pesquisadas apenas os segmentos de bebidas, mobiliário, máquinas e equipamentos e edição e impressão estão produzindo menos neste ano. O índice paranaense está acima do nacional, que registrou expansão de 1,1% no período. De um total de 14 locais, apenas Espírito Santo (com alta de 8,2%) e Goiás (5,7%) cresceram mais.
Entretanto, os números do IBGE não escondem que, a exemplo do que ocorre em quase todos os estados, o crescimento da indústria paranaense é cada vez mais fraco. Em janeiro deste ano, a taxa de expansão acumulada em 12 meses era de quase 15% no Paraná e de pouco menos de 10% no Brasil; em setembro, o mesmo indicador estava em 4,2% e 1,6%, respectivamente.
Em relação às perspectivas para os próximos meses, Campagnolo diz que é natural haver alguma desaceleração na produção no último trimestre, quando boa parte dos pedidos para fim de ano já foi entregue. "Mas não esperamos queda acentuada", avisa o presidente da Fiep. Segundo ele, até agora a crise internacional não afetou a indústria local.
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