De janeiro até julho, a produção do setor automotivo acumula recuo de 18,1% em relação ao mesmo período de 2014, o pior resultado desde 2006. A queda ocorre apesar de a chegada de novos produtos ao mercado automotivo nacional ter ajudado a elevar a produção no mês de julho em 17,8%. Na comparação com o mesmo mês de 2014, observa-se, no entanto, uma retração de 14,9%. Férias coletivas que desaceleraram a produção no mês anterior também contribuíram para que o resultado de julho mostrasse um aumento. A conta inclui carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões.
As vendas totais cresceram 7,1% entre junho e julho, mas a retração no ano chega a 21%, segundo balanço da Anfavea, a associação dos fabricantes do setor, divulgado nesta quinta-feira (6). Até o período da Copa do Mundo no ano passado foi superior em vendas. A comparação entre os últimos dois meses com igual período do ano passado mostra queda de 20,1% nos licenciamentos de carros de passeio e comerciais leves, de acordo com dados da Fenabrave, a federação das distribuidoras de veículos.
O segmento de caminhões é o que está em pior situação, com queda acumulada de 43,1% desde o início de 2015. “É como se o ano de venda dos veículos pesados tivesse apenas sete meses”, diz Luiz Moan, presidente da Anfavea. Os estoques de carros chegam a 45 dias de vendas, e o nível de emprego no setor teve nova queda, de 0,9% entre junho e julho.
Moan, disse que a indústria automotiva tem um papel de extrema relevância na economia brasileira e que é um “setor que puxa a economia”. “E neste momento estamos puxando a economia para baixo”, reconheceu.
Ele admitiu que o período atual é “bastante difícil”, mas ressaltou que qualquer economia passa por ciclos. “O ano de 2015 está bastante difícil, mas nós sabemos que o horizonte para o país é muito bom”, afirmou. “É só um momento e vai passar”, completou, destacando que, se não houvesse essa expectativa, as empresas do segmento não teriam anunciado novos investimentos da ordem de R$ 8 bilhões recentemente. “Temos uma visão muito além deste momento que estamos vivendo”, diz.
O executivo reconheceu que as dificuldades encontradas pelo governo da presidente Dilma Rousseff nas relações políticas têm impacto ainda mais a situação econômica do Brasil. “A crise, que começou econômica, cresceu com a crise política”, disse. Segundo ele, o ajuste fiscal pretendido pelo governo, que é fundamental para o país retomar o crescimento, não foi concluído no prazo pretendido justamente por causa da crise política. “A dificuldade na aprovação de ajuste fiscal aconteceu em função das dificuldades políticas”, disse.