Mantega admite fraqueza da produção industrial em abril
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que a produção industrial "veio fraca" em abril, com redução de 0,3%, mas considerou o resultado normal e ponderou que altos e baixos nesse indicador são comuns.
A produção industrial caiu 0,3% em abril ante março, na série com ajuste sazonal, divulgou nesta quarta-feira, 04, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio dentro das expectativas dos analistas ouvidos pelo AE Projeções, que iam de queda de 1,00% a crescimento de 0,60%, que resultou em mediana negativa de 0,33%.
Em relação a abril de 2013, a produção caiu 5,8%. Nesta comparação, as estimativas variavam de queda de 2,05% a 6,76%, com mediana também negativa de 6,00%. No ano, a produção da indústria acumula queda de 1,2%. Em 12 meses, a produção aumentou 0,8%.
De janeiro para abril, a queda de foi ditada pelo fraco desempenho dos ramos de metalurgia (queda de 2,7%), minerais não metálicas, insumos para a construção (1,5%), vestuário (-1,6%) e madeira (3,2%). Por outro lado, os setores de apresentaram expansão mais significativa e evitaram uma perda maior foram os de alimentos (2,6%), perfumaria e produtos de limpeza (3,1%) e farmacêutica (4,9%).
Copa salva produção de televisores e bebidas
A Copa do Mundo salvou pelo menos dois segmentos das perdas generalizadas verificadas pela indústria nos últimos meses. A expectativa pelo mundial de futebol aumentou a fabricação de televisões e bebidas, num momento em que a produção industrial nacional amarga retração de 5,8% em abril.
"O evento em si justificaria a maior produção em função da expectativa de consumo um pouco maior nesse período", explicou André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.
Os eletrodomésticos da linha marrom, que incluem os aparelhos de televisão, registraram aumento de 20,9% na produção em abril, em relação ao mesmo mês de 2013. Foi o único destaque positivo na categoria de bens duráveis, que teve recuo de 12% no mesmo período.
"Aqui, nitidamente a alta da linha marrom é puxada pela produção de TVs. O fator Copa do Mundo é preponderante para explicar essa expansão. Não tem como dissociar uma coisa da outra", afirmou Macedo.
No caso de bens de consumo semi e não duráveis, que tiveram retração de 3,9% em abril ante abril do ano passado, a fabricação de bebidas subiu 2,5%.
"Cerveja, chope e refrigerantes estão impulsionando o resultado, o que tem relação com o evento. É um setor que vinha com comportamento predominantemente negativo, com impostos encarecendo o bem final. Então o setor trabalha mais com a expectativa de um aumento na demanda por conta do evento do que propriamente um aumento do consumo", declarou o gerente da pesquisa.
No ano, o aumento na produção de bebidas alcoólicas foi de 3,6%, enquanto que a fabricação de não alcoólicos expandiu 0,3%. "Ou seja, claramente aqui, são a cerveja e o chope que estão com maior pressão", disse Macedo.
Já o grupamento de eletrodomésticos da linha marrom, encabeçado pelos aparelhos de televisão (que respondem por 70% do grupo), deu um salto na produção de 42,7% de janeiro a abril deste ano.
"É muito mais a expectativa que se tem de um consumo maior que fez com que a indústria investisse numa produção para atender a essa demanda maior", contou o gerente.
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