Reflexos
Inflação freia a fabricação de alimentos
Folhapress
A disparada da inflação já causa estragos na produção da indústria de alimentos. De abril para maio, o ramo registrou queda de 4,4%, a de maior impacto no índice geral da indústria, segundo o IBGE. Para André Macedo, economista do Instituto, os preços "tiveram alta considerável" e já inibem o consumo de itens de alimentação. O custo de vida maior também reduz a chamada renda disponível das famílias, que têm de gastar mais para comprar a mesma cesta habitual de consumo. Desse modo, sobra menos dinheiro para outros gastos. O varejo já havia sentido a força da inflação e seu desempenho neste ano foi afetado pela retração das vendas de supermercados.
- 1% no ano
Um sinal claro do impacto da inflação sobre a indústria é o comportamento de bens semi e não duráveis (alimentos, bebidas, remédios e vestuário). A categoria registrou queda de 1% de janeiro a maio, única pesquisada a ter um resultado negativo assim no ano.
A produção industrial brasileira caiu 2% em maio frente a abril, em um resultado pior que o esperado e sofrendo especialmente com a queda nos bens de capital. O resultado apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elimina parte da expansão de 2,6% acumulada nos meses de março e abril e dificulta perpectivas de uma recuperação sólida do setor para 2013.
"Há um comportamento de maior volatilidade este ano. A variável nova é a componente dos estoques acumulados. Há um aumento no nível de estoque e isso pode estar na base da redução de ritmo em maio", explicou o economista do IBGE André Macedo.
Segundo ele, além dos estoques maiores, ocorreram também mais importações, mas, como a demanda não está acompanhando no mesmo ritmo, isso contribui para acumulação de estoques e para "a industria segurar seu ritmo".
O IBGE informou ainda que, na comparação com maio de 2012, a produção teve expansão de 1,4%, também abaixo do esperado. A indústria opera no momento 3,8% abaixo do patamar recorde observado há dois anos, em maio de 2011. "Fica mais difícil acreditar na consistência de recuperação. [O resultado da produção] elimina a chance de ter um número bastante robusto que pudesse levar a dizer que, no segundo trimestre, o PIB industrial ajudaria o PIB a crescer", disse o economista-chefe do Espírito Santo Investment, Jankiel Santos.
Bens de capital
Todas as categorias de uso apresentaram queda na comparação mensal. A pior ocorreu com os bens de capital, cuja produção recuou 3,5%, interrompendo quatro meses de resultados positivos consecutivos, período em que acumulou expansão de 15,3%, segundo o IBGE.
Esse resultado, destacam analistas, preocupa porque a categoria reflete os investimentos. Para Santos, essa queda chama a atenção, principalmente porque o investimento deveria ser o "novo motor" da economia. Ainda assim, os bens de capital lideram o crescimento anual, com taxa de 12,5%.
Atividades
Pelos ramos de atividade, 20 dos 27 pesquisados apresentaram queda mensal, com destaque para alimentos (-4,4%), máquinas e equipamentos (-5%) e veículos automotores (-2,9%). Na ponta oposta, mostraram avanço bebidas (4,8%), refino de petróleo e produção de álcool (1,6%) e metalurgia básica (1,1%).
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