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Produção industrial cai 2,5% e volta a preocupar

Indústria moveleira teve retração de 9,9%, influenciando índice geral para baixo | Josué Teixeira/ Gazeta do Povo
Indústria moveleira teve retração de 9,9%, influenciando índice geral para baixo (Foto: Josué Teixeira/ Gazeta do Povo)

Se os resultados da produção industrial de janeiro foram animadores, a queda de 2,5% na produção fabril em fevereiro foi um banho de água fria na expectativa do setor produtivo nacional. O recuo foi o maior registrado na pesquisa mensal desde dezembro de 2008, no auge da crise econômica mundial, quando a produção apresentou queda de 12,2% se comparado ao mês anterior.

A queda foi puxada pela retração de 10,8% na produção da indústria farmacêutica e de 9,9% na fabricação de móveis. Sob reflexo da redução do desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), o setor automotivo também contribuiu para o resultado negativo ao registrar queda de 9,1% em fevereiro.

Os setores de refino de petróleo, bebidas, vestuário, têxtil, equipamentos de comunicações e celulose e papel também apresentaram queda expressiva, acima de 2%.

Reflexos

Enquanto a produção de caminhões foi o maior responsável pelo bom resultado em janeiro, os veículos parecem ser os vilões deste mês. O recuo no setor foi o que mais pesou para a queda de 6,8% na produção de bens de consumo duráveis. Com isso, a queda no resultado geral em fevereiro praticamente anulou a alta de 2,6% no primeiro mês do ano.

Para o gerente da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Macedo, o resultado não pode ser creditado somente à recomposição do imposto. "Ela pode ser justificada por paralisações em algumas empresas, com férias coletivas e paradas para modernização do parque industrial. Também pode ser reflexo do retorno do IPI ao patamar acima do observado no ano passado", afirma.

De acordo com o coorde­nador do Departamento Eco­nômico da Federação das In­dústrias do Paraná (Fiep), Mau­rílio Schmitt, a oscilação causa estranheza. "Não é um comportamento comum, mas escancara uma política inconsistente em relação à indústria", afirma Schmitt. "A produção não é ditada mais pela concorrência, mas por condições conjunturais como o corte de imposto ou o incentivo a determinado produto", diz.

Previsão

Entre as chamadas categorias de uso, os bens de capital foram o único grupo com alta no mês, de 1,6%. No ano, a categoria acumula avanço de 13,3%. Quase sempre, essa categoria indica os investimentos dos empresários na ampliação da produção industrial futura. Mesmo assim, as expectativas devem ser moderadas. "Deve acarretar em um aumento futuro, mas ainda é muito cedo para dizer. Em média, este tipo de investimento demora 18 meses para ter resultado", completa o economista da Fiep.

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