A produção industrial brasileira fechou 2012 em queda de 2,7%. O resultado negativo foi puxado pela queda de 11,8% na produção de bens de capital ao longo de todo o ano. Com isso, o resultado anual foi o pior registrado desde 2009, ano da crise econômica internacional, quando a produção industrial caiu 7,4% no país. Em 2010 e 2011, a indústria brasileira cresceu 10,5% e 0,4%, respectivamente. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A queda foi considerada generalizada pela pesquisa. A contração atingiu 17 dos 27 segmentos, 50 dos 76 subsetores analisados. As maiores baixar ficaram por conta dos segmentos de automóveis, equipamentos industriais e de informática.
Para André Macedo, gerente da pesquisa, o fraco desempenho no ano foi resultado de uma soma de fatores. "O cenário de lenta recuperação e a baixa confiança do empresariado, conjugados com o cenário econômico mundial adverso e a presença de muitos produtos importados no mercado interno formam um conjunto de fatores que justificam este comportamento", afirma. Ele também acredita que o ajuste do nível de estoque das empresas freou a produção ao longo do ano.
Sinal de alerta
A forte queda da produção de bens de capital preocupa o setor. "Tem relação direta com a própria recuperação mais lenta desse empresariado e também uma leitura de que nesse momento não fosse necessário maiores investimentos para se atender uma demanda que está dada. Mas é um dado que acaba trazendo uma preocupação pela relação direta que bens de capital têm com a questão dos investimentos do parque produtivo industrial", afirma Macedo.
Para o economista Roberto Zurcher, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, a queda aponta a falta de otimismo do empresariado, mas as medidas governamentais podem começar a surtir efeito em 2013. "O governo trabalhou com muitas medidas setorizadas e de curto prazo. O resultado disso não aparece da noite para o dia. Com planejamento, é possível que o setor se recupere neste ano", explica. Como prova disto, ele aponta que os bens de consumo e intermediários deixaram de cair no segundo semestre. "São medidas que levam de seis a nove meses para surtir efeito", comenta.