Em meio à crise econômica e na contramão do cenário nacional, a indústria do Paraná cresceu em novembro em relação ao mesmo período de 2007. Segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a produção industrial paranaense cresceu 5,7% contra um recuo de 6,2% na média brasileira. Das 14 regiões avaliadas pelo instituto, apenas o Paraná e o Pará tiveram avanço. Na comparação com outubro, no entanto, o estado seguiu o movimento nacional e registrou uma queda de 1,7%.
Os setores de petróleo e álcool, com alta de 51,3%, celulose e papel (31,5%), edição e impressão (27,9%), produtos metálicos (32,2%) e alimentos (2%) garantiram o resultado, segundo o IBGE. Em compensação, as pressões negativas mais significativas vieram de produtos químicos (-40,0%), mobiliário (-23,7%) e madeira (-15,4%), decorrentes, sobretudo, dos recuos na fabricação de adubos e fertilizantes e estantes e madeira serrada.
"Cada estado responde de maneira diferente à crise. Em Minas Gerais, por exemplo, o recuo da indústria automotiva foi mais forte e fez despencar a produção industrial. No Paraná, esse setor teve uma queda pequena, de apenas 0,4%, graças ao setor de caminhões que ainda estava aquecido", explica André Macedo, da coordenação de indústria do IBGE. Mesmo com a queda de 1,7% na comparação com outubro, o Paraná ainda teve um desempenho melhor do que a média nacional. A indústria brasileira registrou uma queda de 5,2% em relação a outubro, a maior desde maio de 1995. De janeiro a novembro, o Paraná acumula uma alta de 9,9%.
Dos 14 segmentos pesquisados no Paraná, metade registrou aumento na produção em novembro. O setor de petróleo, por exemplo, cresceu por conta principalmente da fraca base de comparação com o ano anterior. Em novembro de 2007, a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na região de Curitiba, realizou uma parada técnica, o que reduziu a produção.
O setor de celulose e papel, outro que também puxou o desempenho, foi beneficiado pelo projeto de expansão da Klabin em Telêmaco Borba, nos Campos Gerais. O setor de construção civil, por outro lado, segurou a produção de materiais não-metálicos, como cimento e cal, e metálicos, como dobradiças. "São setores que vinham embalados e que estão demorando mais para desacelerar. Mas tudo aponta para uma piora do quadro nos próximos meses. A tendência é que os setores que vinham compensando o recuo de outros percam o fôlego", afirma o economista Christian Luiz da Silva, professor da PUC-PR. A queda em novembro em relação a outubro já mostra, segundo o IBGE, o aprofundamento dos efeitos da crise.
O setor gráfico é um dos que confirmam essa tendência, depois de crescer 27,9%. "Em janeiro já sentimos uma redução da demanda da ordem de 10%", diz Sidney Paciornik, presidente da regional Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf). De acordo com ele, o resultado até novembro é fruto principalmente dos ganhos de participação de mercado das indústrias locais. "O setor renovou seu parque industrial, modernizou linhas e aumentou a produtividade. Com isso, ganhou espaço frente a empresas de outros estados", acrescenta.