ALTA ISOLADA
A produção industrial nacional tem se sustentado principalmente com estímulos isolados, em vez de ganhar fôlego a partir de uma recuperação generalizada e consistente, afirma o pesquisador Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do IBGE. "A formação desse 0,4% (de aumento na produção nacional) é muito mais entendida por crescimento esporádico em algumas regiões do que por espalhamento", disse. Além do Paraná, outro exemplo de crescimento isolado é o Amazonas, onde a produção industrial cresceu 4,7% em fevereiro contra janeiro e 15% contra fevereiro de 2013. A principal responsável por esses ganhos foi a indústria de televisores, impulsionada pela Copa do Mundo.
Opinião
Precisamos de mais dados sobre a indústria
Guido Orgis, editor executivo de Economia
Os dados do IBGE vêm mostrando há tempos que a indústria do Paraná tem um comportamento melhor do que na maioria dos estados brasileiros. De janeiro de 2008 para cá, o setor industrial paranaense é o que tem o segundo melhor desempenho no país (com crescimento de 24,8%), atrás apenas de Goiás. O Brasil, na média, não teria saído do lugar no mesmo período.
Difícil explicar a disparidade. Parte da diferença pode estar nas informações do IBGE. Dados coletados pelas entidades industriais mostram um desempenho melhor para o país todo, o que vem gerando críticas à lentidão do órgão oficial em revisar sua metodologia para abranger setores que não tinham peso quando a metodologia foi desenhada há mais de uma década. Talvez a diferença seja bem menor do que os quase 25% que colocam o Paraná no topo do crescimento industrial.
Os indicadores do IBGE sobre o Paraná também têm problemas quando olhados de perto. Há setores que vivem uma montanha-russa emocionante, crescendo 100% em um mês para cair 50% no mês seguinte. Poucas empresas conseguiriam sobreviver em um mercado com esse comportamento. Isso não significa que o desempenho paranaense não seja melhor que a média. Mas precisamos de informações melhores para medir e explicar a diferença.
A produção industrial cresceu em sete das 14 regiões pesquisadas entre janeiro e fevereiro, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A maior alta foi registrada no Paraná, onde o avanço chegou a 18,4%, revertendo uma perda acumulada de 15,9% registrada entre novembro e janeiro de 2014. A média nacional para fevereiro foi uma evolução de 0,4%.
Conforme o pesquisador Rodrigo Lobo, da Coordenação de Indústria do IBGE, a produção no Paraná subiu influenciada pela base mais baixa, após o desfecho ruim de 2013, mas também por taxas de juros subsidiadas, que incentivam a compra de caminhões. "Em três meses, até janeiro, havia queda acumulada de 15,9%. Mas houve um um incremento na produção de veículos automotores, com destaque para caminhões, que foi o que ajudou esse desempenho", disse.
Na comparação entre fevereiro deste ano e o mesmo mês de 2013, o Paraná também lidera a alta da produção industrial no país, com expansão de 17,7%. O instituto ressalva que, em 2014, fevereiro teve dois dias úteis a mais que no ano anterior, o que explica parte da alta. Os resultados expressivos dos setores de edição, impressão e reprodução de gravações (66,35%) e de veículos automotores (59,56%) também ajudam a compreender o bom resultado, conforme a pesquisa.
No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial do Paraná subiu 6,92%, segundo melhor resultado, atrás apenas do Rio Grande do Sul (6,97%). Neste período, entre 16 setores pesquisados no Paraná, apenas cinco tiveram resultado negativo. Os destaques positivos foram veículos automotores (21,14%), máquinas e equipamentos (14,62%) e minerais não metálicos (8,84%). Os piores resultados foram dos segmentos de bebidas (-9,83%), outros produtos químicos (2,1%) e mobiliários (-0,74%).
Vendas
Dados divulgados pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) mostraram que a indústria paranaense registrou um crescimento de 2,02% em suas vendas nos dois primeiros meses de 2014, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Apesar da evolução nas vendas, a Fiep ainda considera difícil visualizar de forma clara qual será o desempenho da atividade industrial do Paraná nos próximos meses. Isso porque outros indicadores medidos pela Federação apresentaram resultados contraditórios neste começo de ano. Enquanto no bimestre foram registrados crescimentos na compra de insumos (+9,52%), no nível de emprego (+0,76%) e nas horas trabalhadas (+1,42%), houve queda de um ponto porcentual da utilização de capacidade instalada da indústria, que se situou em 78%.
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