O mercado interno e uma melhora na economia internacional estimularam a recuperação de estoques e as exportações de bens intermediários, levando a produção industrial brasileira a crescer em janeiro após dois meses de queda que representaram um período de acomodação.
A produção cresceu 1,1 por cento sobre o mês anterior e saltou 16 por cento em relação a igual mês de 2009, no melhor janeiro desde 1995 na comparação anual, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira. Os números ficaram em linha com a mediana das previsões de analistas.
O IBGE revisou ligeiramente para cima o dado de dezembro, de uma queda inicialmente divulgada de 0,3 por cento sobre novembro para recuo de 0,2 por cento.
Apesar dos dados mais firmes, informações da Confederação Nacional da Indústria (CNI) não apontam pressões inflacionárias. O nível de utilização da capacidade instalada diminuiu levemente em janeiro para 81,4 por cento, ante 81,5 por cento, segundo dados dessazonalizados.
"(O dado) ainda está aquém dos picos de uso da capacidade que observamos em meados de 2008, cerca de 1,5 a 2 pontos percentuais, o que significa que há espaço para aumentar a produção... sem gerar pressões no meio do setor industrial", disse Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da CNI. "Estamos tranquilos que a recuperação do próprio investimento já vem dando sinais claros de retomada."
O IBGE detalhou que em janeiro sobre dezembro, 14 dos 27 setores industriais tiveram aumento da produção, com destaque para Produtos de metal (12 por cento), Material eletrônico e de comunicações (14,3 por cento) e Bebidas (8,1 por cento).
Entre as categorias de uso, o segmento de bens intermediários, o mais importante da indústria nacional com peso de aproximadamente 55 por cento, cresceu 2 por cento ante dezembro. Foi a 13a taxa positiva consecutiva e, nesse período, o segmento acumula alta de 22,5 por cento.
Bens de consumo duráveis avançaram 8,6 por cento e bens de consumo semi e não duráveis subiram 0,4 por cento, enquanto a produção de bens de capital caiu 0,1 por cento.
Na comparação com o ano passado, todas as categorias de uso tiveram expansão, sendo que bens intermediários subiram 20,2 por cento, a terceira taxa positiva seguida.
"Essa sequência de taxas positivas ao longo de 2009 e na abertura de 2010 responde a um cenário de normalização de estoques e alguns setores exportadores também começam a melhorar. Isso ajuda de forma significativa no resultado industrial", disse o economista do IBGE André Macedo.
A produção de bens de consumo duráveis cresceu 36,4 por cento, bens de capital avançaram 12,8 por cento e bens de consumo semi e não duráveis, 5,8 por cento.
Ainda frente a 2009, a produção aumentou em 23 dos 27 setores. O de veículos automotores teve a maior alta, de 41,4 por cento, seguido por Máquinas e equipamentos (34 por cento) e Metalurgia básica (34,5 por cento).
Pico produção
O segmento de bens intermediários, após a sequência de resultados, é o que está mais perto do pico da produção industrial observado em setembro de 2008.
Os intermediários estão apenas 0,8 por cento abaixo do patamar recorde, ao passo que os bens de capital ainda se encontram 11,6 por cento abaixo do nível máximo histórico.
Macedo, do IBGE, lembrou que na comparação entre os meses de janeiro, a produção de automóveis cresceu 30,6 por cento, a de celulares 59,7 por cento e a de eletrodomésticos 41,5 por cento. Parte desses resultados, segundo o IBGE, se deve à base de comparação deprimida.
"O mês de janeiro suplanta e compensa parte das perdas observadas na acomodação nos meses de novembro e dezembro."
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