O produtor rural e líder sindical Nelson Teodoro de Oliveira, que cultiva 613 hectares na região de Campo Mourão (Noroeste), afirma que uma crise relacionada ao câmbio pode levar os produtores à falência. Ele argumenta que a maioria tem dívidas a pagar até 2011 e enfrenta perdas no milho e nas pastagens com as geadas. "Fico desesperado quando ouço falar que os preços da soja e do milho vão voltar para as médias históricas em dólar. Não posso ver um horizonte positivo."
Ele argumenta que, apesar do dólar em baixa, os insumos estão cada vez mais caros. A elevação dos preços é mundial e deve-se ao aumento da procura provocada pela ampliação da produção de milho e soja, segundo os especialistas. "Na hora da comercialização, não é o agricultor que diz qual vai ser o preço justo do produto, é o mercado", compara o presidente do Sindicato Rural de Cascavel (Oeste), Nelson Menegatti.
Se o câmbio fosse o mesmo de 2004, quando o dólar caiu de vez a menos de R$ 3, a agricultura estaria em uma das melhores fases da história. O preço da saca de 60 quilos de soja, que na semana passada estava em R$ 27,50 em Campo Mourão, seria R$ 43. A valorização do real cortou os lucros do setor neste ano e os produtores adiaram o pagamento das dívidas. Para a Ocepar, mesmo que o quadro não piore, será necessário ampliar o prazo do pagamento dos financiamentos que vencem até 2011. (JR)