Produtores agropecuários argentinos declararam neste domingo (8) que estão em alerta por causa da persistente seca que afeta a região central e ameaça minguar a colheita de grãos, soja e as reservas de gado do país, um dos principais produtores de alimentos do mundo.
"A seca é cada dia mais grave em uma fase do ano chave para o sucesso ou fracasso da principal atividade agrária, que é a colheita bruta", disse neste domingo Eduardo Buzzi, presidente da Federação Agrária Argentina (FAA) que reúne pequenos e médios produtores.
A FAA realizará na segunda-feira assembleias em Buenos Aires, La Pampa, Córdoba e Santa Fé (centro), as províncias mais afetadas pela seca, para pedir ao governo "um fundo de ajuda extraordinária".
O ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca, Norberto Yauhar, convocou este domingo a Comissão de Emergência Agropecuária.
"Vamos trabalhar cirurgicamente e chegar a todas as áreas afetadas e aos produtores que mais necessitem", prometeu Yauhar.
O presidente da Sociedade Rural de Santa Fé, Hugo Iturraspe, alertou que "os bolsões de água estão se esgotando rapidamente" e que a província "vai perder o estoque de gado".
"Estão fazendo perfurações" para hidratar o gado, "mas para dar de beber a 500 animais são necessários 40 mil litros de água por dia", exemplificou.
A situação é piorada pela escassa chuva de dezembro, quando foi registrado um mínimo histórico de precipitações na região, segundo relatório do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA).
A previsão meteorológica anuncia desde quarta-feira a chegada de uma frente fria e chuvas, apesar de que a longo prazo "a perspectiva mais provável é que as regiões do centro do país que sofrem um déficit hídrico, continuem vulneráveis", admitiu o INTA.
A situação é preocupante para a colheita de milho que atravessa a etapa crítica de seu crescimento, e de soja em plena floração.
"Ocorrer alguma precipitação nesses dias não serviria muito para o milho, já que a perda de rendimento está definida", disse o diretor do INTA de Rio Cuarto (Córdoba), José Marcellino, ao afirmar que no centro e sul cordobês "se estima que as perdas superem 50%".
A Argentina é segundo exportador mundial de milho, o principal fornecedor internacional de óleo e farinha de soja e o terceiro de grãos da leguminosa.