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O Plano Agrícola e Pecuário da próxima safra melhora as condições dos financiamentos, principalmente para os agricultores familiares, que vão pagar juro de no máximo 5,5% ao ano e terão 20% mais recursos. Quem produz em larga escala, no entanto, esperava mais que a redução do juro de 8,75% para 6,75% e a elevação de 16% no valor disponível.

O produtor de grãos Vitorino Rigo, de Toledo, critica a resistência do governo em reduzir os juros. Em sua avaliação, o índice deveria ter sido derrubado de 8,75% para 4,5% porque nos últimos dez anos a taxa de referência dos bancos, a Selic, passou de 26% para 12%. "Os financiamentos agrícolas se tornaram um grande negócio para o governo e os bancos."

Ele afirma que não vai plantar milho na próxima safra porque não há segurança no mercado. Em relação à soja, pretende manter o plantio de 140 hectares. Para Rigo, a maioria dos produtores vai manter a produção da última safra. "Com uma carga alta de dívidas, não se pode parar de produzir. Quem não consegue pagar, tem que entrar na Justiça cobrando um reparcelamento, como prevê o Manual do Crédito Rural."

O agricultor Ivo Bosquiroli, de Cascavel, diz que as medidas do governo "ajudam, mas não resolvem". Ele afirma que o setor terá de continuar brigando por uma renegociação dos financiamentos antigos, contratados a juro de 8,75%. "Gostaríamos de trabalhar aliviados, de cara limpa, mas sempre entramos no banco nos sentindo devedores."

Bosquiroli afirma que já solicitou financiamento para os insumos que vai usar na próxima safra de verão. Os bancos liberaram como pré-custeio cerca de R$ 700 por hectare, a juro de 8,75%. "O problema é que os insumos estão subindo. Comprei quando o preço já tinha aumentado 10% e, depois disso, teve reajuste de até 40%", relata. A redução de juros do Plano Agrícola não deve ter reflexo no pré-custeio.

Com plano de plantar 360 hectares de milho e 360 de soja, Bosquiroli conta que o quadro torna a produção agrícola um verdadeiro "cassino". "O leite é o pôquer; a soja e o milho, a roleta." Ele considera que os produtores assumem financiamentos e ficam na dependência do clima e do câmbio. Além do perigo da chuva e da seca, corre-se o risco de perder dinheiro quando as commodities perdem em real por causa da valorização da moeda frente ao dólar.

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