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Os produtores de trigo da região dos Campos Gerais se reuniram nesta sexta-feira (16) em Ponta Grossa para cobrar uma medida contra a suspensão de três leilões da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para subvenção do escoamento do cereal. Os leilões, que seriam realizados neste mês, foram cancelados devido às suspeitas de fraude no processo.

A denúncia aponta um possível acerto entre duas empresas para manipular os preços. De acordo com dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), somente 24% das 2,4 milhões de toneladas do grão plantados no Paraná foram comercializados até o momento.

O produtor rural Fabiano Bitencourt Wiesinieski afirma quem se os leilões não forem realizados até o final do ano, a situação ficará complicada. "Eu estou com dívidas do último plantio e não estou conseguindo pagar. Vou ter que demitir funcionários para poder me manter. Estava à espera dos leilões", afirma.

Segundo o presidente do Sindicato Rural da região, Gustavo Ribas Neto, outro problema enfrentado pelos agricultores é o preço da saca. Hoje, o preço da saca de 60 quilos está orçado em R$ 23,66 – sendo que o preço mínimo estipulado é de R$ 28,62. "Além de não ter leilões nem políticas direcionadas aos produtores, os preços não compensam. Estão abaixo do preço mínimo. Vale mais a pena plantar trigo para engordar gado no inverno do que vender no mercado", ressalta.

O superintendente estadual da Conab, Lafaete Jacomel, revela que, com a suspensão dos leilões, os produtores foram obrigados a parar a comercialização do trigo. "A partir de janeiro, os leilões devem voltar. Mesmo porque há um grande volume a ser escoado. E, sem esse processo, criam-se dificuldades enormes aos produtores", afirma.

Para minimizar os impactos do cancelamento dos leilões, a Conab do Paraná deve solicitar recursos do governo federal para comprar trigo dos agricultores. "A nossa ideia é ajudar os produtores e comprar, a partir de janeiro, parte da produção deles", diz Jacomel.

Moageiros

De acordo com o superintendente estadual da Conab, a suspensão dos leilões não interfere no estoque dos moageiros. "O trigo está à disposição dos moageiros, que podem comprar diretamente dos produtores. Mas muitos optam por importar o grão", afirma Jacomel.

No entanto, Marcelo Vosnika, presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado do Paraná (Sinditrigo), diz que os moageiros estão à espera dos leilões para adquirir o trigo. "A gente está com o dinheiro para comprar trigo, mas os leilões não saem".

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