Agricultores familiares da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) começarão a se preparar neste ano, com ações de correção do solo, para cultivar uvas finas. A ação faz parte da estratégia da recém-criada Associação dos Vitivinicultores do Paraná (Vinopar) para fortalecer as vinícolas locais e tornar o vinho feito no estado uma referência em qualidade.
INFOGRÁFICO: Veja mapa com a localização das 13 vinícolas que integram a associação do setor
SLIDE-SHOW: Veja fotos do parreiral e dos vinhos da Vinícola Araucária.
O principal objetivo da associação, que já conta com 13 produtores afiliados, é mostrar que o Paraná tem capacidade de produzir vinhos finos e espumantes com a tipicidade da nossa região. “Queremos mostrar que não é só o Rio Grande do Sul que produz vinhos finos. O objetivo é fazer o nosso estado ser fornecedor de matéria-prima para fabricação de vinhos e espumantes”, afirma o presidente da Vinopar, Giorgeo Zanlorenzi.
A pioneira no processo de fabricação de vinhos finos com uvas plantadas em terras paranaenses é a Vinícola Araucária, localizada na RMC. A propriedade foi uma das primeiras a integrar vinhedo e vinícola, processo que começou em 2007 e demandou um investimento de R$ 4 milhões.
A ideia partiu de um dos sócios, Renato Adur, que liderou o projeto de transformar parte da área da fazenda em um campo de cinco hectares onde são cultivadas uvas francesas e italianas. Para tocar o projeto, foram contratados dois enólogos do Rio Grande do Sul, um engenheiro ambiental e um engenheiro agrônomo.
Como esperado, a primeira safra, colhida em 2010, foi um fracasso. “Perdemos quase toda a plantação, porque as abelhas e outros insetos destruíram as nossas uvas. E isso foi de um dia para o outro”, conta Adur. Depois, eles instalaram telas de proteção no parreiral e foram investindo em tecnologia e pesquisas.
Com o investimento, o projeto vem apresentando resultados positivos e servindo de modelo para outros produtores do estado. A Vinícola Araucária produz, em média, 25 mil litros por ano de vinhos finos e espumantes. A propriedade tem capacidade para fabricar até 80 mil litros e, espera, a partir de 2017, ganhar escala.
Maior parte da uva usada na vinicultura local hoje é trazida de fora do estado
A grande maioria dos produtores de vinho do Paraná não tem vinhedos próprios e adquire uvas de outros estados. Alguns possuem plantação de frutas americanas que são destinadas a produção de vinhos coloniais. “O cultivo de uvas finas é uma exigência da evolução do próprio paladar do consumidor que está se acostumando a tomar vinhos finos e espumantes em diversas ocasiões do seu dia”, diz Giorgeo Zanlorenzi.
A Vinopar quer que agricultores familiares virem fornecedores das vinícolas do estado. Para isso, os associados vão começar a distribuir mudas e a ensinar a técnica para plantar uvas finas. A expectativa é que o projeto vingue em até três anos, tempo médio que demora para um parreiral se formar.
60 estabelecimentos
estão registrados como vinícolas ou produtores de derivados da uva no Paraná, segundo dados do Ministério da Agricultura. O número, porém, não representa com exatidão o total de produtores, pois há casos de estabelecimentos registrados como cooperativas que congregam vários produtores e de pessoas trabalhando informalmente. Segundo estimativa da Vinopar, há cerca de 100 vinícolas no estado que produzem, na grande maioria, vinhos coloniais.
Antiga praga do solo
A disseminação de uma praga do solo – a pérola-da-terra – inviabilizou o cultivo de uvas no Paraná em 1970, tendo praticamente extinguido os parreirais na Região Metropolitana de Curitiba. Para continuar fazendo sucos e vinhos, os produtores do estado passaram a “importar” uvas do Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha) e de Santa Catarina (Vale do Rio do Peixe).
Enoturismo é aposta para elevar receita dos produtores de vinho
O desejo de elevar o nome do Paraná ao patamar de “estado produtor de vinhos finos e espumantes” é uma forma de angariar reconhecimento, não necessariamente dinheiro. Os produtores não desejam concorrer com outros estados e nem produzir em escala comercial. Mas, como em qualquer negócio, os empresários precisam equilibrar as contas.
A saída escolhida foi incentivar o enoturismo. Com um restaurante inaugurado há cinco meses, a Vinícola Franco Italiano, em Colombo, oferece opções de passeio, degustação e minicursos para quem deseja conhecer melhor o processo de fabricação do vinho. “É uma forma de elevar a receita e ganhar competitividade”, diz o proprietário Fernando Camargo.
Na Vinícola Araucária estão sendo construídos dez chalés para hospedar os visitantes. Os sócios também investiram em um restaurante e em trilhas ecológicas para atrair o público. “São quase três milhões de pessoas vivendo na região de Curitiba que muitas vezes vão a vinícolas de outros estados, mas não conhecem as opções que existem em Curitiba”, afirma Giorgeo Zanlorenzi, presidente da Vinopar.
No dia 10 de março, será lançado no Salão Paranaense de Turismo o mapa do enoturismo da Região Metropolitana de Curitiba, que reúne oito vinícolas. É a primeira ação da Vinopar para fortalecimento do turismo no estado.
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