Em um ano de previsões negativas para a economia, a geração de empregos em 2016 deverá se concentrar em áreas que tragam ganho de produtividade para as empresas. Por isso, a aposta dos recrutadores é que as áreas financeira, de tecnologia da informação (TI), vendas, compliance, além de energia renovável, terão a maior demanda neste período.
A gerente executiva da Michael Page em Curitiba, Patrícia Tourinho, afirma que, no setor de finanças, o cargo de controller – responsável pela coordenação e planejamento de gastos – está entre os mais requisitados. Outro cargo em destaque é o de especialista em planejamento tributário, que tem a função de enxugar custos pelo pagamento de menos tributos. “Com um cenário complexo de impostos, um bom profissional é essencial neste momento”, avalia.
Patrícia acrescenta que devido à necessidade de se observar de perto a situação das empresas e os riscos que envolvem as negociações governamentais, muitas delas estão deixando de contratar prestadoras de serviços para abrir vagas internas. Entre os segmentos que mais crescem está o de compliance. Com a função de garantir o atendimento às normas da área de atuação da companhia, ele ganhou peso depois de escândalos de corrupção atingirem empresas do Brasil, como a Operação Lava Jato. “Antes havia poucos profissionais na área, que em geral atuavam em bancos e multinacionais. Mas a onda de investigações criou uma necessidade de as empresas terem certeza de que as suas negociações estão dentro da lei.”
Outro setor que ganhará destaque é o de vendas. Para aumentar o market share, as companhias deverão procurar se aproximar dos clientes e obter melhores resultados. Segundo a gestora de RH, a alta rotatividade dos profissionais do setor faz com que sempre haja vagas em diferentes cargos. “Antigamente, havia um gestor comercial para os três estados do Sul. Mas, hoje, a tendência é que cada estado tenha o seu. A demanda existe em todos os tipos de indústria, já que as margens das vendas estão diminuindo”, diz.
De acordo com a coordenadora da PUC Talentos, Daniella Forster, a recessão impulsiona também o mercado de desenvolvimento de soluções em TI, que contribui para baratear as operações e tornar mais ágeis os processos empresariais diante de um menor número de colaboradores. Neste cenário, a professora afirma que as fabricantes de sistemas de gestão empresarial são as que mais oferecem oportunidades para profissionais de TI.
Além deste, outro segmento em alta será o de energias renováveis, que recebeu no fim de 2015 fortes incentivos do governo para a construção de usinas eólicas e fotovoltaicas. “Mas, neste caso , o movimento de contratação será mais complexo, porque os profissionais estarão em desenvolvimento junto com as soluções. Não há pessoas prontas e nem cargos definidos. Por isso, esses profissionais deverão ser encontrados principalmente em centros de pesquisas universitários”, antevê Daniella.
Oportunidades
Depois de dois anos como estagiária, a estudante de Administração Evelyn Jensen foi efetivada como assistente em comércio exterior em uma multinacional em Curitiba. Para ela, há espaço para bons profissionais. “Ainda há oferta em grandes empresas, que tendem a oferecer as carreiras mais promissoras.”
Atitude
Para a presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos no Paraná, Daviane Chemin, neste momento as empresas buscam nos colaboradores uma atitude empreendedora. “É preciso enxergar o local de trabalho como o seu próprio negócio, criar soluções e descobrir as oportunidades.”
Carreiras em alta
Tecnologia da Informação
Porque está em alta: Em tempos de crise, a busca por soluções para reduzir custos, como softwares de gestão, e ferramentas para ampliar as vendas, como sites de e-commerce, aquecem o setor.
Formação: técnica ou superior em Sistemas e Tecnologia da Informação.
Vendas
Porque está em alta: Com a redução da margem de vendas, as companhias buscam profissionais capazes de manter uma maior proximidade com os clientes e de melhorar os resultados e o market share.
Formação: varia conforme a necessidade da empresa.
Finanças
Porque está em alta: A necessidade de cortar custos e melhorar o uso de recursos faz com que os contratantes procurem por colaboradores capazes de planejar e acompanhar o andamento das finanças.
Formação: Economia, Administração, Contabilidade, Direito e engenharias.
Compliance
Porque está em alta: A onda de investigações em empresas, capitaneada pela Operação Lava Jato, elevou a demanda das companhias por profissionais que entendam as regras e normas de cada segmento.
Formação: Administração, Direito ou em suas respectivas áreas de atuação.
Energia
Porque está em alta: Os leilões do governo federal em 2015 para energias solar e eólica injetarão mais de R$ 6 bilhões em investimentos no país até 2018, o que demandará profissionais capacitados na área.
Formação: profissionais de diferentes engenharias.
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