Maringá - A falta de informação sobre os procedimentos burocráticos é um problemas comum no caminho de futuros exportadores. Por isso, um programa público orienta gratuitamente empresários que estão de olho no mercado estrangeiro.
Para lidar com os principais entraves que impedem o pequeno e médio industrial de começar vender no exterior foi criado o Projeto de Extensão Industrial Exportadora (Peiex). A parceria dos governos federal e estadual, juntamente com a Fundação Araucária e sindicatos locais tem como objetivo dar aos empresários as armas necessárias para que se tornem competitivos lá fora. Informação é a principal delas, segundo especialistas.
Alguns aspectos da exportação assustam e precisam ser desmistificados. Como as demandas de cada empresa variam, consultorias especializadas entram em cena. De acordo com a ucraniana Hanna Welgacz, consultora em comércio exterior que vive há 11 anos no Brasil, embora pareça que o porte da fábrica e o potencial financeiro sejam decisivos para iniciar as exportações, o que realmente diferencia tais empresas não é a experiência. "Claro que um lote grande pode diluir os custos, mas isso se resolve com consórcios entre vendedores", explica.
Antes de alcançar o mercado estrangeiro, os primeiros passos precisam ser dados dentro do território nacional. O produto precisa estar de acordo com as exigências do cliente brasileiro, e em seguida as negociações começam com países vizinhos. "Pesquisas indicam que as exportações começam com países culturalmente parecidos, dentro da América Latina e também Portugal", disse Hanna.
Seguindo a orientação dos especialistas do Peiex, a empresária Ivone Nani Neves resolveu investir em pesquisa de mercado e em novas estratégias de entrega. Ela não tem intenção de vender para fora do Brasil agora, mas considera que o conhecimento adquirido será fundamental no momento em que a fábrica começar produzir para o mercado externo.
Abrangência
Presente em nove estados e no Distrito Federal, no Paraná o Peiex orienta gratuitamente 524 empresas de três cidades e suas regiões metropolitanas. Em Maringá, o programa teve início em fevereiro e já é considerado um sucesso atendendo as indústrias de confecções. "O diferencial foi a contribuição do Sindicato das Indústrias do Vestuário de Maringá (Sindivest) que nos deu apoio", explicou Josiele Galarda, da coordenação do Peiex em Curitiba. Mas o projeto ainda encontra resistência na capital, onde o foco são as empresas do setor metal-mecânico, e em Londrina, onde o foco são as indústrias de alimentos. Nas três cidades as inscrições ainda estão abertas até meados de outubro.
"Mais cedo ou mais tarde, quem quiser se manter no mercado terá que pensar em exportação", diz Carlos Roberto Penchek, presidente do Sinvest/Maringá e um dos participantes do programa. Ele recomenda aos pequenos industriais que agora é hora de buscar informação para que no médio prazo possam concretizar o plano. "Da mesma forma que hoje entregamos na Bahia, logo estaremos entregando na Ásia", disse. Penchek agora vai divulgar suas confecções na internet. "Era uma coisa que eu não imaginava antes do Peiex. A intenção não é mostrar o produto para meu cliente, mas para o cliente do meu cliente".