Pode ser que você não tenha ver­­gonha do seu passado. Mas também pode ser que você não queria que todas as suas ações dos últimos anos ou meses sejam escancaradas Quando a Timeline do Facebook substituir sua página do perfil, é mais ou menos isso que vai acontecer.

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Mesmo antes desta mudança, o programador norte-americano Michael Devine se deparou com o problema de excesso de registro. Ele procurava emprego quan­­do notou que havia, em seu perfil, vestígios não muito amigáveis para um ambiente profissional. Tentou apagá-los manualmente. "Foi impossível", disse à reportagem. O jeito foi escrever um aplicativo. "Percebi que isso poderia ser útil para os outros."

Batizado de Exfoliate, o app para Android já teve mil downloads no Android Market (ele custa US$ 3, razoavelmente caro para o padrão). O aplicativo permite que você selecione partes de seu passado que quer apagar: por período de tempo (três e seis me­­ses e um e três anos) ou por conteúdo. É possível deletar posts – em seu próprio mural ou dos amigos – e eliminar até likes e comentários em posts alheios.

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O aplicativo demorou mais tempo do que o previsto para ser feito. O Facebook, segundo De­­vine, não fornece uma API que seja apropriada para apagar conteúdo. "Eu trabalhei nisso por cerca de seis meses, mas não continuamente", explica Devine. O app tem só mil usuários, mas 10% deles vieram só na última semana.

Devine está se "desmamando" das redes sociais. "E se uma empresa de telefonia gravasse todas as conversas que circularam nela nos últimos anos e estivesse usando essa informação para criar perfis de mercado para cada um de seus consumidores? É isso o que o Facebook está fazendo", critica. "Por que isso é visto como algo normal hoje em dia? Eu não acho normal", diz.

Para o programador as pessoas não querem que a rede armazene suas informações de maneira aleatória. Especialmente porque na rede "não há um mecanismo simples, com um toque, para ver o que está ali e quem pode ver aquilo".

É que, para o Facebook, quanto mais informações, melhor - isso gera mais cliques, mais interação e mais informação sobre o comportamento dos usuários.

Segundo Devine, ninguém da empresa o contatou, mas alguns usuários têm relatado problemas em rodar o aplicativo em suas contas do Facebook.

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Ele também investiga alguns provedores que têm bloqueado o aplicativo. "O Exfoliate faz várias transações na rede para rodar. Isso não é um problema do aplicativo, na minha opinião, mas do Facebook e sua API inapta", diz. "O app faz o seu trabalho da maneira mais eficiente possível com as interfaces que o Facebook oferece."

Os próximos passos do programador são traduzir o aplicativo – uma versão em português deverá ser lançada nesta semana – e criar uma versão para iPhone. Devine também está trabalhando para criar uma funcionalidade para remover conteúdo do mural de um amigo específico.