Os analistas do mercado financeiro aumentaram a dose de pessimismo em relação ao desempenho da economia brasileira. A projeção de crescimento para 2012 despencou pela sétima semana consecutiva e já beira os 2%. A estimativa passou de 2,3% para 2,18%, de acordo com a pesquisa semanal Focus, que o Banco Central faz com as principais instituições financeiras do país.
Segundo o levantamento, o quadro traçado pelos especialistas piorou por causa das projeções para a indústria brasileira. A expectativa para o crescimento do setor no ano caiu de 0,63% para 0,5%. Há apenas um mês, o mercado contava com uma expansão de 1,58% neste ano.
"É um exagero falar que só vai crescer 0,5%. O pessoal está pessimista demais", avalia Júlio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e economista-chefe do Instituto de Estudo para o Desenvolvimento da Indústria (IEDI).
De acordo com Almeida, o setor carrega um desempenho pífio do ano passado e isso tem impacto nas projeções. Ele discorda dos analistas que estimam que as medidas tomadas pelo governo para incentivar os setores em dificuldades só terão resultado no ano que vem. E aposta que as mudanças ainda serão sentidas neste ano.
Além disso, diz o economista, a indústria também será beneficiada pelas seguidas reduções da taxa básica de juros (Selic) e pelo câmbio. Com o dólar mais caro, as exportações ficam mais vantajosas. Por isso, a previsão do economista é que o setor crescerá 2% em 2012. "Mas, se os economistas ouvidos pelo BC estiverem certos, o lado bom é que abre um caminho ainda maior para o Banco Central continuar a diminuir os juros" destaca.
Inflação
Outro dado que pode ampliar esse espaço para uma redução maior dos juros é a previsão de inflação dos analistas. Eles diminuíram a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) usado pelo governo no sistema de metas de 5% para 4,95%. Foi a sexta semana seguida de queda. O objetivo do governo é uma inflação próxima de 4,5% ao ano, que é o centro da meta em 2012.
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